A confiança do trabalhador no Brasil recuou em setembro deste ano, segundo a Sondagem do Mercado de Trabalho (SMT) divulgada nesta quinta-feira (16/10) pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-IBRE).
Pela primeira vez desde junho, a parcela de entrevistados que prevê piora nas condições de emprego superou a de otimistas. Avaliando a confiança do trabalhador, o FGV-IBRE revela que 33,3% esperam cenário pior nos próximos seis meses, 32,2% veem estabilidade e 28,5% acreditam em melhora.
FGV detecta queda na confiança do trabalhador
O estudo mostra que a percepção de dificuldade para conseguir emprego aumentou para 42,4%, ante 40,8% no trimestre anterior. Nesse sentido, apenas 20% consideram fácil ou muito fácil encontrar uma vaga, demonstrando a queda na confiança do trabalhador, mesmo com a taxa de desemprego baixa.
De acordo com Rodolpho Tobler, economista do FGV-IBRE, “a expectativa de desaceleração da atividade econômica parece já dar sinais, com o maior percentual de respondentes registrando que o mercado de trabalho deve piorar nos próximos meses.”
Mesmo com o pessimismo crescente, a sondagem da confiança do trabalhador aponta estabilidade no presente. De fato, mais da metade dos entrevistados (54,3%) considera improvável perder a fonte de renda até o fim do ano, e 70% afirmam que o rendimento atual cobre as despesas básicas. A satisfação profissional permanece alta: 76,3% dizem estar satisfeitos ou muito satisfeitos.
O FGV-IBRE observa que o custo dos alimentos continua pressionando o orçamento das famílias, e que a percepção de vulnerabilidade ajuda a explicar a queda da confiança do trabalhador mesmo em um cenário de emprego ainda favorável. Além disso, apenas 41% dos trabalhadores dizem ter acesso a algum benefício governamental.
Indicadores da sondagem FGV para setembro de 2025
O FGV-IBRE mede a confiança do trabalhador brasileiro baseando-se em diversos aspectos da percepção sobre o mercado de trabalho. Entre os dados revelados pelo relatório, destacam-se:
- 42,4% consideram difícil conseguir emprego.
- 33,3% esperam piora nas condições do mercado.
- 76,3% estão satisfeitos ou muito satisfeitos no trabalho.
- 70% afirmam que a renda cobre despesas essenciais.
- 61,9% apontam a remuneração como principal fonte de insatisfação.
- 71,6% citam alimentação como gasto que mais pesa no orçamento.
- 70,4% se consideram total ou parcialmente desprotegidos.
Sinais de desaceleração no horizonte
De acordo com o FGV-IBRE, a queda na confiança do trabalhador reflete o impacto das projeções de menor crescimento econômico no segundo semestre. Por isso, o índice serve como termômetro antecipado do mercado de trabalho e pode sinalizar desaceleração nas contratações até o fim de 2025. “A sondagem mostra que o humor do trabalhador está mudando antes dos dados oficiais”, conclui Tobler no relatório.