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Rentabilidade das exportações cai 7,7%, sinal de perda de competitividade

A rentabilidade das exportações brasileiras recuou 7,7% em agosto de 2025, segundo a Funcex. A FGV-IBRE alerta que câmbio valorizado e custos internos elevados reduzem a competitividade do país no comércio exterior.
Rentabilidade das exportações cai no Brasil, mostra análise do FGV-IBRE com dados da Funcex
Rentabilidade das exportações brasileiras caiu 7,7% em agosto, segundo a Funcex; FGV alerta que câmbio forte e custos altos reduzem competitividade. (Imagem: Wikimedia)

A rentabilidade das exportações brasileiras caiu 7,7% em agosto em relação ao mesmo mês de 2024, segundo a Funcex em análise do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-IBRE) divulgada na quarta-feira (15/10). A Funcex é o maior banco de dados do comércio exterior brasileiro.

No acumulado de 2025, o índice ainda mostra leve alta de 0,9%, mas a trajetória é de enfraquecimento da competitividade. A combinação de câmbio valorizado e custos domésticos em alta tem reduzido as margens de lucro dos exportadores.

Desempenho setorial e câmbio pressionam rentabilidade das exportações

A economista Daiane dos Santos, analista de negócios internacionais da Funcex e professora da UERJ, avalia que o cenário tende a piorar até o fim do ano. “Se tudo se mantiver como está, teremos um horizonte desafiador para os exportadores brasileiros”, afirma.

Ainda, a política econômica do governo Donald Trump, com o tarifaço de 50% e a desvalorização do dólar, tem agravado o quadro, ao reduzir os preços médios de embarque e aumentar a incerteza sobre o comércio bilateral. A análise da rentabilidade das exportações revela desafios mesmo após o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) liberar mais de R$ 1,6 bi para exportadores brasileiros para combater o tarifaço.

Nos primeiros oito meses de 2025, o custo de produção subiu 5,9%, enquanto o preço das exportações caiu 2,4%. Os setores mais afetados foram minerais metálicos (-10%), papel e celulose (-9,7%) e pesca e aquicultura (-8,7%).

As principais variações setoriais no comparativo de jan-ago/25 com jan-ago/24 são:

  • Minerais metálicos: -10%
  • Papel e celulose: -9,7%
  • Pesca e aquicultura: -8,7%
  • Metalurgia: +6%
  • Agropecuária: +2,5%

Custos e câmbio reduzem ganhos

Para Daiane dos Santos, o câmbio valorizado ajuda quem importa insumos, mas limita os ganhos externos. “O ideal é que essa competitividade não dependa do câmbio, mas em determinados segmentos sabemos que não é assim”, diz. O aumento do frete internacional e dos salários também impacta os custos, anulando a vantagem cambial e pressionando a rentabilidade das exportações.

A valorização do real, estimada em 9,4% ante o dólar desde janeiro, enfraquece as receitas em reais. Por isso, o FGV-IBRE alerta que, sem ajustes cambiais e industriais, o país pode perder competitividade mesmo com superávit comercial. Portanto, esses fatores resultaram na queda de 7,7% na rentabilidade das exportações brasileiras.

“O que vemos no curto prazo é a manutenção dessa tendência desvantajosa”, afirma a economista.

Competitividade exportadora em risco

A Funcex projeta que a rentabilidade das exportações pode ficar próxima de zero até o fim de 2025. O recuo dos preços internacionais de commodities e a inflação de serviços devem manter a pressão sobre as margens.

Para o FGV-IBRE, o Brasil precisa acelerar sua política de promoção comercial e internacionalização de empresas para preservar sua competitividade nos próximos anos.

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