A gasolina no Brasil, atualmente 10% mais cara do que no mercado internacional, vem reacendendo o debate sobre a política de preços da Petrobras. Segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) e do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), o valor interno está acima da paridade de importação. Por sua vez, o diesel permanece abaixo dos preços externos.
Para alcançar a paridade de importação (PPI), a gasolina precisaria cair R$ 0,28 por litro nas refinarias. O diesel, por outro lado, tem defasagem oposta: está entre 1,4% e 4% mais barato no Brasil. É o equivalente a um reajuste de R$ 0,11 a R$ 0,14 por litro para igualar o preço internacional. Portanto, essa diferença cria distorções no mercado e afeta a competitividade de importadores independentes.
Debates sobre a política de preços e a gasolina 10% mais cara
O último reajuste da Petrobras ocorreu em junho, com queda de R$ 0,17 por litro na gasolina, e em maio, com redução de R$ 0,16 por litro no diesel. Desde então, a estatal tem evitado novas alterações, priorizando estabilidade de preços internos em meio à volatilidade do petróleo.
De acordo com a Abicom, a gasolina 10% mais cara resulta de um cenário em que as refinarias mantêm margens elevadas, abrindo espaço para importações privadas. Já o diesel barato cria pressão inversa, favorecendo o consumo interno, mas reduzindo a atratividade de importadores.
Influência do mercado internacional
O mercado internacional também influencia a gasolina 10% mais cara no Brasil do que no exterior. A cotação do barril de petróleo se mantém próxima de US$ 60 em 17/10, após a decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) de ampliar a produção em volume abaixo do esperado. A decisão da Opep+ reduziu o ritmo de alta dos preços globais.
Conforme o Economic News Brasil relatou na última quarta-feira (15/10), a recente queda no preço do petróleo manteve o Brent e o WTI nos valores mínimos dos últimos cinco meses. A queda segue o aumento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China. Ainda, o cenário foi acirrado pelo alerta da Agência Internacional de Energia (IEA) de superávit global em 2026.
O aumento da produção da Opep+ e a fraqueza da demanda reforçam o cenário de excesso de oferta, o que pode explicar parte da defasagem observada entre os combustíveis no Brasil, com gasolina 10% mais cara, e no mercado externo.
Cenário regulatório em transição
A política de preços da Petrobras segue sob escrutínio do setor e do governo, que buscam equilibrar competitividade e previsibilidade. Segundo avaliação da Abicom, a defasagem atual entre gasolina e diesel pode forçar revisões na política de alinhamento aos preços internacionais nas próximas semanas. Porém, tudo dependerá da trajetória do petróleo e do câmbio.
O debate sobre a gasolina 10% mais cara no Brasil volta, assim, ao centro da agenda energética nacional.