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Desempenho das micro caps lidera retornos globais na década, mas expõe volatilidade extrema

Entre 2015 e 2025, o desempenho das micro caps na Índia superou todas as demais categorias de mercado, com alta média de +22% ao ano, segundo dados da ACE MF. O avanço, porém, veio acompanhado de forte volatilidade e perdas expressivas em 2018 e 2025. O movimento revela um ciclo de apetite e aversão ao risco que também ecoa no comportamento de investidores brasileiros.
desempenho das micro caps na Índia 2015–2025
Micro caps registraram o maior retorno de 10 anos na Índia (+22% CAGR), segundo dados da ACE MF. (Imagem: Free´pik)

O desempenho das micro caps na Índia foi o destaque da década entre 2015 e 2025. Segundo levantamento da ACE MF, divulgado pelo ET Bureau, o índice Nifty Microcap 250 TRI, publicado este mês, registrou retorno composto de +22% ao ano, o maior entre todas as classes de capitalização. O resultado consolidou o segmento como o mais rentável do mercado indiano no período, embora também o mais volátil.

Os dados, calculados com base nos fechamentos de 14 de outubro de cada ano, mostram um padrão cíclico entre as faixas de capitalização. Enquanto isso, com bom desempenho, as micro caps dominaram a maior parte do ciclo de alta — com ganhos expressivos em 2017 (+71,9%), 2021 (+75,1%) e 2023 (+65,2%) —, sofreram fortes correções em 2018 (-27,9%) e em 2025 (-8,3%). Já as large caps, representadas pelo índice Nifty50 TRI, mostraram estabilidade e lideraram o retorno do ano corrente, com ganho de +7,1%.

O que são large, mid, small e micro caps

No mercado acionário, os termos cap se referem à capitalização de mercado, ou seja, ao valor total das ações de uma empresa negociadas na bolsa. As classificações ajudam a medir tamanho, liquidez e risco de cada grupo.

  • Large caps: empresas de grande porte, com alta liquidez e presença institucional. São menos voláteis e costumam resistir melhor a crises.
  • Mid caps: companhias de médio porte, com potencial de crescimento, mas sensíveis a mudanças econômicas.
  • Small caps: empresas menores, com maior exposição ao ciclo doméstico e menos cobertura de analistas.
  • Micro caps: negócios de capital reduzido e menor liquidez, capazes de altos ganhos em períodos de otimismo, mas vulneráveis a fortes perdas em crises.

Essas categorias formam a estrutura dos índices da bolsa indiana — Nifty50, Nifty Midcap150, Nifty Smallcap250 e Nifty Microcap250 — usados no levantamento da ACE MF.

Desempenho das micro caps e mudança no apetite global por risco

De acordo com o ET TrendMap, o avanço das micro caps nos últimos dez anos reflete o apetite por ativos de crescimento em períodos de liquidez abundante. A partir de 2022, o quadro se inverteu: inflação elevada e juros altos reduziram o interesse por ativos de risco, favorecendo large caps, apoiadas por fundamentos sólidos e maior liquidez.

Principais destaques da década (2016–2025):

  • Micro caps: +22% CAGR no período; maiores ganhos em 2017, 2021 e 2023.
  • Large caps: +18,2% CAGR; melhor desempenho em 2025.
  • Mid caps: +15,3% CAGR, com forte volatilidade.
  • Small caps: +13,4% CAGR; recuperação irregular e perdas em 2018 e 2025.

Analistas citados pelo relatório apontam que o bom desempenho das micro caps veio acompanhado de oscilações severas, especialmente em crises de liquidez. “Micro caps têm potencial para os maiores ganhos em mercados de alta, mas também sofrem as maiores perdas nas fases de correção”, observou o estudo. O dado evidencia como a euforia e o temor alternam-se em ciclos curtos, um padrão comum em economias emergentes.

Reflexos do desempenho das micro caps para investidores brasileiros

O comportamento observado na Índia serve de alerta para a B3. Embora o mercado brasileiro tenha menor número de companhias listadas fora do índice Bovespa, a lógica de risco e retorno segue semelhante: papéis de menor capitalização tendem a subir mais rápido em períodos de otimismo, mas também acumulam perdas mais acentuadas nas correções.

Comparativo recente no Brasil:

  • O índice Small Cap da B3 (SMLL) alternou ganhos robustos em 2020 (+44%) e quedas em 2022 (-19%).
  • Desde 2023, investidores migraram para ações de grande porte — bancos, energia e commodities — em busca de estabilidade e dividendos previsíveis.
  • A preferência atual reflete aversão global ao risco, semelhante à rotação defensiva observada na Índia em 2025.

Em ambos os mercados, a tendência é de valorização de empresas com fluxo de caixa estável, gestão profissional e governança sólida.

Panorama futuro e novo ciclo de crescimento

O padrão de desempenho das micro caps indica um mercado mais seletivo nos próximos anos. A análise da ACE MF sugere que a década seguinte deve premiar empresas pequenas com gestão eficiente, lucratividade consistente e baixo endividamento. No curto prazo, contudo, large caps devem manter protagonismo, impulsionadas por estabilidade macroeconômica e maior interesse de fundos institucionais.

A experiência indiana reforça que o desempenho das micro caps continua sendo um indicador de ciclos de risco global — e um espelho útil para entender como investidores brasileiros, através de levantamentos como o índice Small Cap da B3, ajustam seu apetite conforme o cenário mundial se torna mais incerto.

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