O roubo no Louvre em Paris na manhã de domingo (19/10) chocou o mundo e reabriu o debate sobre o mercado negro da arte e da joalheria. Em apenas sete minutos, um grupo de quatro ladrões levou oito peças da Galeria de Apolo, entre elas colares, tiaras e brincos da realeza francesa avaliados em milhões de euros.
De acordo com o Ministério Público francês, uma das joias roubadas, a coroa da imperatriz Eugênia (cravada com 1.354 diamantes e 56 esmeraldas), foi recuperada perto do Louvre, mas danificada. Porém, as demais peças continuam desaparecidas, entre elas o colar de safiras da rainha Maria Amélia e o conjunto de esmeraldas da imperatriz Maria Luísa. O diamante Régent, avaliado em US$ 60 milhões, permaneceu intacto dentro da galeria.
Roubo no Louvre: milhões de euros em joias roubadas
Entre as peças roubadas do Louvre no último domingo estão:
- Tiara da Imperatriz Eugênia, esposa de Napoleão III;
- Colar com oito safiras do Sri Lanka e mais de 600 diamantes da Rainha Maria Amélia;
- Conjunto de colar e brincos da Imperatriz Maria Luísa, com 32 esmeraldas e 1.138 diamantes;
- Broche com 2.634 diamantes, pertencente à Imperatriz Eugênia, adquirido pelo Louvre em 2008 por € 6,72 milhões;
- Colar de pérolas e esmeraldas da Rainha Hortênsia, da coleção das Rainhas Marie-Amélie e Hortense;
- Relicário em ouro e diamantes, parte da coleção da Rainha Maria Luísa;
- Par de brincos em safira azul e diamantes, da Imperatriz Eugênia;
- Adorno de corpete de Eugênia, com diamantes e esmeraldas.
O episódio evidencia como o mercado clandestino de arte tem se sofisticado. Peças históricas são desmontadas e revendidas em fragmentos de pedras e metais preciosos, o que dificulta a recuperação. Em casos semelhantes ao roubo no Louvre, como o roubo de Dresden em 2019, apenas parte das joias foi encontrada.
Crime acende debate na França
O ministro do Interior françês, Laurent Nunez, descreveu o episódio como uma “operação de reconhecimento prévio”. Por sua vez, o presidente Emmanuel Macron classificou o crime como “um ataque a um patrimônio que faz parte da história da França”. Após o roubo, o Louvre permaneceu fechado nesta segunda-feira (20/10), e equipes da Brigade de Répression du Banditisme analisam imagens e amostras de DNA deixadas em um colete amarelo e um cobertor.
Enquanto isso, a promotora de Paris, Laure Beccuau, afirmou que a principal hipótese sobre o crime no Louvre é de roubo sob encomenda, possivelmente ligado a colecionadores privados. Ela não descarta o envolvimento de redes criminosas com histórico de lavagem de dinheiro. “Tudo pode estar ligado ao narcotráfico, dadas as somas envolvidas”, declarou.
A polícia francesa investiga ainda se houve colaboração interna para o roubo, já que os invasores usaram um guindaste acoplado a um caminhão para alcançar uma janela lateral do museu. Trata-se do segundo crime de destaque em museus franceses neste ano.
Tesouros em disputa
Assim, o roubo no Louvre reforça o dilema entre o valor histórico e o valor de mercado da arte. Autoridades francesas, portanto, já discutem novas medidas de rastreabilidade digital de gemas e a criação de um sistema internacional de autenticação.
Por isso, a França tenta agora equilibrar o peso simbólico do Louvre como guardião da cultura universal com a urgência de enfrentar um mercado clandestino global que continua a desafiar fronteiras e governos.