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Crédito privado no Brasil preocupa e acusa risco estrutural sem ajuste fiscal, aponta gestora de investimentos

A gestora de investimentos, Nord Investimentos, alerta que o crédito privado no Brasil vive um risco estrutural diante dos juros elevados e da ausência de ajuste fiscal. Segundo a gestora, spreads comprimidos e maior exposição de investidores a papéis corporativos aumentam a vulnerabilidade do sistema.
crédito privado no Brasil e risco estrutural segundo Nord
Mercado de crédito privado brasileiro opera com spreads baixos e maior exposição a riscos corporativos, segundo a Nord Investimentos. (Imagem: freepik)

O crédito privado no Brasil entrou no radar de risco da Nord Investimentos. Em encontro realizado nesta terça-feira (21/10), a gestora alertou que, sem uma mudança na política fiscal, o país pode enfrentar um cenário de fragilidade estrutural no mercado de crédito. Para a casa, o ambiente de juros elevados e compressão de spreads criou uma combinação perigosa para empresas e investidores.

Segundo Marília Fontes, sócia-fundadora da Nord, o aumento das taxas de juros impulsionou o crescimento das gestoras de crédito, mas reduziu os rendimentos dos papéis. “Os spreads foram para o chão”, afirmou. Ao mesmo tempo, as companhias emissoras enfrentam custos altos para refinanciar dívidas, o que pode levar a novos eventos de crédito semelhantes aos observados com Braskem (BRKM5) e Ambipar (AMBP3).

Juros e política fiscal afetam o crédito privado no Brasil

A Nord relaciona o enfraquecimento do crédito privado no Brasil à falta de coordenação entre a política monetária e a fiscal. Apesar de o Banco Central ter elevado as taxas de juros para conter a inflação, o aumento de gastos públicos sustenta a atividade e impede a queda estrutural dos juros. “O Brasil está com um pé no acelerador e outro no freio”, observou Fontes.

No cenário atual, a casa afirma que o risco é duplo. Se os juros permanecerem altos, as empresas devem se endividar ainda mais, elevando a probabilidade de novos calotes. Caso caiam, os fundos de crédito privado no Brasil perderão rentabilidade, o que pode gerar resgates e reabertura dos spreads. Para Caio Zylbersztajn, sócio da Nord, “vivemos um momento de spreads negativos, com investidores aceitando retorno inferior ao dos títulos públicos”.

Saiba mais sobre o que é e como funciona o crédito Privado no Brasil:

Investidores expostos e migração de produtos

Desde 2023, principalmente após o caso da Americanas, a demanda por produtos de renda fixa aumentou entre pessoas físicas. As LCIs e LCAs, tradicionais entre investidores conservadores, perderam atratividade depois das novas regras do Conselho Monetário Nacional (CMN) em 2024, que elevaram exigências de lastro e prazo mínimo. Isso estimulou a migração para CRIs, CRAs e debêntures incentivadas, instrumentos com risco corporativo e sem cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

Para a Nord, esse deslocamento tornou o crédito privado no Brasil mais frágil. O investidor pessoa física, atraído pela isenção fiscal, acaba exposto a empresas com menor proteção institucional. “Para comprar um título de empresa Triple A, recebo menos do que em papéis do Tesouro Nacional”, destacou Zylbersztajn.

Bolsa barata, crédito privado caro

Apesar da cautela com crédito, a Nord vê assimetria positiva na Bolsa brasileira, com ativos descontados e juro real elevado. “A Bolsa está tão barata que, se houver leve ajuste de política econômica, o potencial de valorização é grande”, disse Fontes. Mesmo assim, a casa reconhece que o apetite local por risco segue limitado, e o desempenho da Bolsa dependerá mais do cenário externo do que do doméstico.

Perspectivas futuras para o crédito brasileiro

Com juros globais ainda altos e política fiscal doméstica expansiva, o crédito privado no Brasil tende a permanecer sob pressão. A Nord projeta que, sem uma inflexão clara no gasto público, novos episódios de inadimplência podem ocorrer.

No entanto, a casa avalia que uma eventual melhora no ambiente fiscal e uma desaceleração suave nos Estados Unidos poderiam destravar o ciclo de redução de juros, condição necessária para reequilibrar o mercado e restaurar a confiança dos investidores.

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