A previsão de lucro da General Motors (GM) foi elevada nesta terça-feira (21/10). O grupo agora projeta resultado anual entre US$ 12 e 13 bilhões, acima do intervalo anterior de US$ 10 a 12,5 bilhões. O ajuste ocorre após a redução do impacto tarifário e o recuo nas perdas ligadas à produção de veículos elétricos. A notícia fez as ações da montadora subirem 14%, o maior avanço diário desde 2019.
Em carta a acionistas, a CEO Mary Barra afirmou que o alívio tarifário e o novo plano de produção devem fortalecer a competitividade doméstica nos EUA. Com a nova previsão de lucro, a GM estima agora que o impacto das tarifas cairá para US$ 3,5 a 4,5 bilhões, abaixo da faixa anterior de US$ 4 a 5 bilhões.
Previsão de lucro da GM reflete ajuste na estratégia elétrica
O resultado na previsão de lucro revisada também reflete mudanças estruturais na estratégia elétrica da GM. A empresa registrou provisão de US$ 1,6 bilhão no terceiro trimestre, referente ao cancelamento de projetos e à readequação de fábricas. O valor coincide com o prejuízo contábil divulgado em 14/10, quando a montadora confirmou perdas ligadas ao fim do crédito fiscal de US$ 7.500 para veículos elétricos nos EUA.
Apesar do recuo, Barra mantém a eletrificação como prioridade de longo prazo. Assim, a GM cancelou a produção da van elétrica BrightDrop, mas também anunciou US$ 4 bilhões em novos investimentos em fábricas americanas para compensar custos com tarifas e ajustar o portfólio. O alívio tarifário beneficia também a Ford e a Stellantis, que registraram altas de 4% e 3% nas ações, respectivamente.
Setor automotivo dos EUA reage ao novo programa de créditos
A revisão da previsão de lucro da GM ocorre em meio à flexibilização das regras ambientais e à desaceleração na expansão dos veículos elétricos. De fato, a redução das metas de emissões pelo governo dos Estados Unidos diminuiu a pressão por eletrificação acelerada. Além disso, também levou as montadoras a priorizar rentabilidade no curto prazo.
Ainda, o novo programa de créditos aprovado pelo governo Trump concede 3,75% do preço sugerido de veículos montados nos EUA até 2030. A medida busca compensar parcialmente o impacto das tarifas de importação. Dessa forma, a medida favorece montadoras com produção doméstica, como GM e Ford, e explica parte da previsão de lucros revisada da montadora.
Mercado vê nova fase para lucros e eletrificação da GM
O desempenho de curto prazo da GM pode marcar uma inflexão em sua trajetória. Para especialistas, o realinhamento entre tarifas e incentivos fiscais indica uma transição de ciclo — de expansão elétrica acelerada para consolidação financeira.
Se mantida a trajetória de margens mais altas da nova previsão de lucro, bem como o controle de custos produtivos, a GM poderá encerrar 2025 como o principal termômetro da política industrial americana.