As relações de comércio Brasil–Indonésia ganharam novo impulso nesta quinta-feira (23/10) com a assinatura de uma série de acordos bilaterais em Jacarta, capital da Indonésia. Em visita de Estado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o líder indonésio Prabowo Subianto firmaram memorandos nas áreas de agricultura, energia, mineração, ciência, tecnologia e promoção comercial. As medidas fortalecem a Parceria Estratégica entre os dois países.
Durante a cerimônia no Palácio Merdeka, Lula afirmou que Brasil e Indonésia “têm plenas condições de mostrar ao mundo a capacidade de defender interesses econômicos com diálogo e respeito mútuo”. O presidente ressaltou que o intercâmbio comercial ainda é baixo frente ao potencial das economias. “Nas últimas duas décadas, nosso comércio cresceu de dois bilhões para seis bilhões e meio de dólares. É pouco para a Indonésia, é pouco para o Brasil”, afirmou.
Comércio entre Brasil e Indonésia ganha novo fôlego com acordos
Entre os documentos assinados para o acordo de comécio Brasil-Indonésia, um memorando entre a ApexBrasil e a Câmara de Comércio e Indústria da Indonésia (Kadin) prevê aumento do fluxo de investimentos e integração empresarial. A JBS, representada por Wesley Batista, também firmou um termo para exportação de proteína animal brasileira, com foco na certificação halal. Esse selo é essencial para atender o mercado muçulmano indonésio.
Além disso, Lula indicou que os próximos passos da cooperação de comércio entre Brasil e Indonésia incluem inteligência artificial, datacenters e inovação científica. Ele destacou a importância de aproximar universidades e centros tecnológicos. Segundo o presidente, essa parceria é “uma ponte entre o Brasil e o Sudeste Asiático, unindo agricultura, energia e tecnologia num mesmo projeto de desenvolvimento”.
A Indonésia é hoje a maior economia do Sudeste Asiático, com demanda crescente por alimentos e energia. Em 2024, o intercâmbio comercial entre os dois países somou US$ 6,3 bilhões, com superávit brasileiro de US$ 2,6 bilhões. As exportações de farelo de soja (US$ 1,66 bi) e açúcares (US$ 1,65 bi) representaram 74% da pauta, segundo dados oficiais.
Parceria estratégica e novas frentes de cooperação
O presidente Prabowo Subianto classificou a visita de Lula como “um marco dentro do Sul Global”. Ele afirmou que Brasil e Indonésia “têm força conjunta para moldar uma nova geografia econômica mundial”. O líder indonésio também anunciou a intenção de estimular o ensino da língua portuguesa em universidades de seu país, facilitando as relações bilaterais e culturais.
Além disso, os novos acordos de comércio entre Brasil e Indonésia envolvem ministérios e órgãos brasileiros como Minas e Energia (Alexandre Silveira), Ciência e Tecnologia (Luciana Santos), Agricultura (Carlos Fávaro), IBGE (Marcio Pochmann) e ApexBrasil (Jorge Viana). Juntos, eles definiram compromissos em energia limpa, mineração sustentável, biocombustíveis e estatísticas públicas. Dessa forma, ampliam a cooperação técnica e econômica entre os dois países.
Criada em 2008, a Parceria Estratégica Brasil–Indonésia foi atualizada em 2023 com o Plano de Ação 2023–2026. O documento prevê cooperação em defesa, comércio, investimentos e turismo sustentável. Desde então, as visitas de alto nível se intensificaram. Isso inclui a presença de Prabowo no Brasil durante a Cúpula do BRICS e a atual visita de Lula a Jacarta, a primeira de um chefe de Estado brasileiro ao país desde 2008.
Uma rota asiática para o agronegócio brasileiro
Em respeito ao fortalecimento do comércio Brasil-Indonésia, vê-se que a agenda econômica indica a busca por reduzir a dependência de mercados tradicionais. Assim, o governo pretende abrir novas rotas comerciais na Ásia. A Indonésia, com 270 milhões de habitantes e uma classe média em expansão, é vista como destino estratégico para carnes, açúcar, soja e tecnologia verde.
Com os acordos assinados, o Governo espera que a relação de comércio ente Brasil e Indonésia ultrapasse novos patamares nos próximos anos. Além disso, a aproximação sinaliza que o país quer combinar inovação, diplomacia econômica e sustentabilidade. Esses são pilares de uma nova presença brasileira na Ásia, construída com diálogo e visão estratégica.









