O fraco desempenho do Banco do Brasil (BB) em 2025 novamente em destaque após o JPMorgan reduzir suas projeções de lucro e reforçar o alerta de cautela. O banco americano prevê um trimestre mais desafiador, o que pode comprometer o guidance anual de lucro entre R$ 21 bilhões e R$ 25 bilhões. A revisão reflete o impacto da inadimplência no agronegócio, do crédito restrito para pequenas empresas e das novas exigências regulatórias impostas pelo Banco Central.
No segundo trimestre, o lucro líquido do BB caiu cerca de 60% frente ao mesmo período de 2024. O resultado acendeu o alerta sobre a rentabilidade da instituição, que ainda enfrenta incertezas no mercado rural e maior pressão nas provisões de crédito. Para o JPMorgan, a execução da meta anual dependerá de um último trimestre excepcional e de avanços na normalização das carteiras de crédito.
Desempenho do Banco do Brasil sofre influência da crise argentina
O relatório também destacou que o desempenho do Banco do Brasil vem sendo afetado pela situação econômica na Argentina. A instabilidade política e a desvalorização do peso reduziram a contribuição do Banco Patagônia, subsidiária do BB. Embora o banco não divulgue números detalhados, analistas consideram que a operação tem peso relevante nos lucros consolidados.
Além disso, outro ponto de pressão é a Medida Provisória 1.314/2025, que prevê a renegociação de dívidas do agronegócio. O atraso na tramitação gerou, segundo o JPMorgan, “risco moral” entre produtores que adiaram pagamentos à espera da aprovação. As provisões para devedores duvidosos permanecem elevadas, estimadas em R$ 16 bilhões, o que limita a recuperação imediata dos resultados.
Confira no vídeo mais informações sobre a queda no preço das ações do Banco do Brasil:
Mercado adota tom mais cauteloso com as ações BBAS3
O relatório do JPMorgan destaca uma visão mais prudente dos investidores em relação ao desempenho do Banco do Brasil. O sentimento do mercado se divide em três frentes principais:
- Investidores locais: estão mais céticos e preveem resultados abaixo dos observados no segundo trimestre, influenciados pelo crédito rural e pela incerteza fiscal.
- Investidores estrangeiros: mostram postura mais neutra, apostando em estabilidade até o fim do ano, mas sem expectativas de crescimento expressivo.
- Percepção geral do mercado: há preocupação com a qualidade do lucro, marcada por renegociações, provisões elevadas e menor recorrência operacional.
O JPMorgan manteve recomendação neutra para o Banco do Brasil, com preço-alvo de R$ 25 e múltiplos de 0,7 vez o valor patrimonial e 4,3 vezes o lucro estimado para 2026.
“Há alguns meses, esperava-se um trimestre semelhante ao 2T25. Agora, o consenso aponta para um 3T mais desafiador”, afirma o relatório.
No pregão desta sexta-feira (24/10), as ações do BB encerraram cotadas a R$ 20,52, registrando queda de 0,63%.
Expectativa da rentabilidade e próximos passos do Banco do Brasil
O fraco resultado do Banco do Brasil deve continuar, então, pressionado até que o ambiente de crédito rural se estabilize e a operação argentina se recupere. Segundo o JPMorgan, a melhora da rentabilidade do Banco do Brasil poderá ocorrer apenas em 2026, dependendo da influência do cenário político e da redução das provisões.
Em um contexto de juros elevados e menor apetite por risco, o desempenho financeiro do BB será, assim, decisivo para sustentar a confiança do mercado. O cumprimento da meta anual, portanto, dependerá de ajustes rápidos nas carteiras e da retomada gradual da margem financeira.









