O resultado trimestral da Tesla, referente ao terceiro trimestre, divulgado nesta quarta-feira (22/10) revelou uma queda de 29% no lucro ajustado, para US$ 1,8 bilhão, impactado por tarifas dos Estados Unidos e altos investimentos em inteligência artificial e robótica. Apesar do recuo nas margens, a receita total subiu 12%, alcançando US$ 28,1 bilhões, superando as estimativas de US$ 26,6 bilhões da Visible Alpha.
A empresa de Elon Musk registrou entregas recordes de 497.099 veículos entre julho e setembro, impulsionadas por consumidores que aproveitaram o crédito fiscal federal de US$ 7.500, encerrado em 30 de setembro. Mesmo assim, o lucro líquido reportado no terceiro trimestre recuou para US$ 1,4 bilhão, abaixo das previsões de US$ 1,5 bilhão, o que provocou queda de 2% nas ações após o fechamento do mercado.
Tarifas e guerra comercial corroem margens do resultado trimestral da Tesla
O terceiro resultado trimestral da Tesla foi duramente afetado pela guerra comercial global desencadeada pelo governo Trump. Com sua forte política de taxações, elevaram-se os custos de importação de minerais raros usados em baterias e semicondutores. A Tesla havia alertado para esse risco no início do ano, mas acabou atingida pelas novas tarifas e pelo fim do programa de créditos de emissão.
A receita com créditos regulatórios despencou 44%, para US$ 417 milhões, após a Casa Branca eliminar multas para montadoras que descumpriam metas de emissão. Em 2024, esse segmento havia gerado US$ 2,8 bilhões — cerca de três quartos vindos dos Estados Unidos. O corte reduziu uma das principais fontes de margem adicional da empresa.
IA e robótica elevam custos e redesenham o balanço trimestral da Tesla
As despesas operacionais cresceram 50%, totalizando US$ 3,4 bilhões, em meio ao reposicionamento da Tesla para o setor de IA e robótica. Além disso, a companhia informou possuir 81 mil GPUs Nvidia H100 em seu centro de dados Cortex, na Gigafactory de Austin (Texas). O núcleo toma conta de projetos de direção autônoma, robotáxis e robôs humanoides.
Musk tem descrito a inteligência artificial como o novo eixo estratégico da montadora. A aposta busca ampliar o valor de longo prazo da Tesla, ainda que à custa de pressão nas margens no curto prazo. Analistas destacam que o esforço pode consolidar liderança tecnológica. Porém, isso também aumenta o risco financeiro em um cenário de tarifas mais rígidas contra Tesla, tal como visto no resultado trimestral.
Próximos capítulos do balanço da Tesla
Além dos números, o resultado trimestral da Tesla também abriu um novo capítulo na governança da empresa. A assembleia marcada para 6 de novembro votará o polêmico pacote de ações de US$ 1 trilhão para Elon Musk. As consultorias ISS e Glass Lewis recomendaram rejeitar a proposta, citando sua “magnitude impressionante” e a falta de garantias sobre o compromisso de Musk com a Tesla, dado seu envolvimento com outras companhias como SpaceX e xAI.
O resultado trimestral coloca a Tesla diante de um dilema estratégico: sustentar o avanço em inteligência artificial e robótica ou preservar margens de rentabilidade e foco de gestão. A depender da decisão dos acionistas, o quarto trimestre poderá ser decisivo. Ou a empresa entra em um novo ciclo de crescimento tecnológico ou em um período de ajustes financeiros.









