O spread bancário no Brasil apresentou redução consistente na última década, impulsionada pela concorrência digital e pela expansão das fintechs. Dados da Elos Ayta Consultoria mostram que, entre 2016 e 2025, o indicador caiu em torno de 4,5 pontos percentuais (p.p.) para empresas e 7,6 p.p. para pessoas físicas. O levantamento indica que o custo médio do crédito segue em patamar menor do que o observado há dez anos, mesmo com oscilações recentes.
De acordo com o Banco Central do Brasil (BCB), o spread bancário médio total — que representa a diferença entre a taxa de juros cobrada e o custo de captação — chegou a 20,7 p.p. em agosto de 2025, com aumento de 0,3 p.p. no mês e alta de 2,2 p.p. em doze meses. Ainda assim, o valor está abaixo do patamar registrado no início da década.
Desde 2013, a concentração bancária também recuou. Levantamento do portal Poder360 com base em dados do BCB mostra que os quatro maiores bancos detinham 57,9% das operações de crédito em 2024. Para o economista Einar Rivero, da Elos Ayta, a tendência é resultado da entrada de novos agentes: “Esses novos competidores conquistaram espaço ao oferecer serviços digitais, custos menores e operações mais simples.”
O que é o spread bancário
O spread bancário é a diferença entre os juros cobrados pelos bancos ao emprestar dinheiro e o que pagam aos investidores que aplicam em produtos como Certificado de Depósitos Bancários (CDB) ou poupança. Se uma instituição capta recursos a 10% ao ano e empresta a 30%, a diferença de 20 p.p. representa o spread. Essa margem cobre custos operacionais, impostos, risco de inadimplência e lucro.
Nos países onde há mais competição, o ele tende a ser menor. No Brasil, o spread bancário historicamente foi alto, mas vem caindo com a modernização tecnológica e o surgimento de novas formas de crédito digital.
Concorrência digital reduz margens bancárias
O avanço das fintechs — empresas que usam tecnologia para oferecer serviços financeiros — provocou mudanças profundas na estrutura bancária. No país, nomes como Nubank, Neon, PagSeguro e PicPay popularizaram contas digitais, crédito sem tarifas e transferências instantâneas, pressionando bancos tradicionais a revisar custos e margens.
Rivero explica que a competição tornou o crédito um serviço mais transparente: “O crédito passou a ser tratado como um serviço de mercado, com comparação de taxas e mais acesso à informação.”
Entre os principais efeitos dessa disputa estão:
- Maior clareza sobre taxas e condições de empréstimo;
- Redução gradual da margem bancária;
- Ampliação do crédito a pequenas empresas e consumidores antes desassistidos.
Open Finance e Pix mudam a lógica do crédito
A implementação do Open Finance, em 2021, e a consolidação do Pix, lançada em 2020, criaram um ambiente mais competitivo. O compartilhamento autorizado de dados financeiros permite que bancos menores e plataformas digitais ofereçam crédito com base em análise de risco mais precisa.
Segundo Rivero, “a informação deixou de ser monopólio dos grandes bancos”.
O resultado foi o surgimento de novos modelos:
- Plataformas de crédito entre pares (P2P);
- Cooperativas digitais;
- Parcerias entre fintechs e bancos médios.
Essas iniciativas tornaram o crédito mais ágil e ampliaram a inclusão financeira, especialmente para pequenas e médias empresas. Portanto, entre outras coisas, o aumento de fintechs a modernização de serviços econômicos no Brasil influenciou o spread bancário.
Saiba mais sobre o assunto:
Spread bancário no Brasil: Caminhos para um mercado mais competitivo
No Brasil, o acompanhamento do spread bancário mostra que, apesar das quedas registradas, a concorrência ainda tem espaço para evoluir. A integração entre bancos, fintechs e plataformas vem ampliando o acesso ao crédito e tornando o sistema mais transparente e eficiente.
O cenário atual aponta para uma nova fase da intermediação financeira, marcada pela análise de dados em tempo real e pelo avanço das parcerias tecnológicas. A trajetória do spread bancário no Brasil sugere que o preço do dinheiro continuará sob pressão competitiva, beneficiando empresas e consumidores.
Enfim, o desafio será equilibrar inovação e sustentabilidade, mantendo a qualidade das carteiras de crédito e a rentabilidade do sistema. Portanto, um teste que definirá o ritmo da modernização bancária nos próximos anos.









