A Johnson & Johnson (J&J) registrou um aumento de 17% nas ações judiciais ligadas ao suposto talco cancerígeno que a empresa comercializou por décadas. O aumento ocorre após o fracasso de sua mais recente tentativa de acordo global em tribunal de falências, conforme revelaram documentos entregues à Securities and Exchange Commission (SEC) até setembro deste ano.
A empresa enfrenta 73.570 processos de consumidores que alegam ter desenvolvido câncer pelo uso do produto, ante 62.830 em dezembro de 2024. Assim, a escalada judicial ocorre após a Justiça de Houston rejeitar o plano da companhia para encerrar as demandas por US$ 9 bilhões.
Conforme publicado pelo Bloomberg, os processos podem ultrapassar 93 mil casos, o que elevaria o custo total para até US$ 11 bilhões. Dessa forma, o avanço reacende preocupações sobre o impacto do talco cancerígeno no passivo da multinacional e pressiona sua governança financeira.
Ações judiciais em alta e riscos financeiros com o talco cancerígeno
O aumento das ações judiciais ocorre em meio a uma sequência de derrotas da companhia. No início de outubro, um júri da Califórnia condenou a Johnson & Johnson a pagar US$ 966 milhões à família de uma consumidora que atribuiu seu câncer de ovário ao uso prolongado do talco. Até agora, a empresa já desembolsou US$ 3 bilhões em acordos nos casos do talco cancerígeno.
Porém, a J&J reafirma que não pretende pagar mais do que os US$ 9 bilhões ofertados no processo de falência.
“O aumento pressiona a Johnson & Johnson a buscar outro acordo global, pois o impasse tende a se aprofundar e gerar custos ainda maiores”, avaliou Carl Tobias, professor da University of Richmond, em entrevista à Bloomberg.
Confira no vídeo mais informações sobre as ações judiciais do caso do talco cancerígeno da Johnson & Johnson:
Defesa da Johnson & Johnson e novos julgamentos
A empresa mantém a posição de que o talco não é cancerígeno e que seus produtos nunca contiveram amianto.
O vice-presidente jurídico da J&J, Erik Hass, afirmou que “volume não significa mérito; trata-se de um desdobramento esperado após nosso retorno ao sistema judicial comum”.
Após três tentativas frustradas de acordo via falência, a companhia prepara novos julgamentos em Califórnia, Pensilvânia, Geórgia, Illinois e Flórida, além do processo federal em Nova Jersey.
Risco crescente para o negócio de talco da J&J
O caso do talco cancerígeno pode ampliar o passivo judicial e comprometer resultados da Johnson & Johnson de 2025 e 2026. Embora o produto tenha sido descontinuado em 2023 e substituído por uma versão à base de amido de milho, o litígio segue como um dos maiores desafios da história corporativa da companhia.









