A recuperação judicial da Ambipar (AMBP3), protocolada no último dia 21/10, gerou reação imediata entre seus principais credores. O pedido dedica cerca de 16 de suas 83 páginas à defesa de que o processo seja conduzido na Comarca do Rio de Janeiro. Este é o ponto central da disputa entre a companhia e os bancos. A informação foi veiculada pelo MoneyTimes.
A Ambipar contratou um grupo de advogados de destaque no Estado para representar seus interesses na recuperação judicial. O time inclui o Salomão Advogados, de Luis Felipe Salomão Filho, filho do ministro do STJ Luis Felipe Salomão, além da Basilio Advogados, liderada por Ana Tereza Basilio, presidente da OAB-RJ, e o Galdino Advogados. A escolha despertou atenção no mercado jurídico, por associar o caso a nomes de forte influência no Rio.
Bancos contestam recuperação judicial da Ambipar no RJ
Os principais credores — Banco ABC Brasil, Bradesco, Banco do Brasil, Santander, Sumitomo Mitsui e Itaú Unibanco — contestam o foro fluminense no processo de recuperação judicial da Ambipar e acusam a companhia de praticar “forum shopping”, expressão usada quando uma empresa busca uma jurisdição tida como mais favorável. Em petição, os bancos afirmam que o grupo teria simulado sede no Rio ao incluir um endereço na cidade apenas em setembro. A inclusão teria ocorrido dias antes da concessão de medida cautelar pela 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.
A Ambipar, por sua vez, sustenta que o critério de competência deve considerar o local de maior relevância econômica, não apenas a sede formal. No pedido de recuperação judicial, a Ambipar afirma que suas subsidiárias mais lucrativas estão no Rio. Sobretudo, estariam nas operações ligadas à exploração de petróleo nas bacias de Campos e Santos. Em apoio à tese, cita os resultados do 2º trimestre de 2025: o segmento Environment registrou R$ 1,03 bilhão em receita líquida, enquanto o Response somou R$ 738,7 milhões.
Entenda no vídeo o pedido de recuperação judicial da Ambipar:
Disputa judicial reforça incertezas
Procurada, empresa não comentou o caso ao MoneyTimes, mas a disputa deve se estender nas próximas semanas. Caso o tribunal entenda que a sede real do grupo está em São Paulo ou Nova Odessa, o processo poderá ser transferido, alterando o curso da recuperação judicial da Ambipar e as negociações com seus credores.
Assim, a controvérsia também dá novo fôlego ao debate sobre a prática de forum shopping no sistema judicial brasileiro, tema que tem atraído atenção crescente em grandes processos de reestruturação empresarial.









