O Banco do Brasil (BB) endurece o crédito rural diante do aumento da inadimplência no agronegócio e afirma que produtores que pedirem recuperação judicial não terão acesso a novos financiamentos.
Em entrevista à Bloomberg News na última terça-feira (28/10), o vice-presidente de Riscos do Banco do Brasil, Felipe Prince, explicou que a medida busca conter o “risco moral” no setor e preservar a estabilidade financeira da instituição.
Esse endurecimento do crédito agrícola ocorre em meio à piora dos indicadores do agronegócio. O Banco do Brasil estima que R$ 5,4 bilhões em empréstimos estão parados devido a 808 produtores rurais em recuperação judicial, de um total de 1 milhão de clientes. A carteira de agronegócios do banco somava R$ 404,9 bilhões em junho. Prince ressaltou que três em cada quatro produtores inadimplentes estão nessa situação pela primeira vez, o que reforça a gravidade da crise.
BB endurece crédito rural em meio à alta da inadimplência
O endurecimento do crédito agrícola ocorre após a taxa de inadimplência atingir 3,5% no segundo trimestre, alta próxima de 2,2 pontos percentuais em um ano. Diante disso, o banco reduziu prazos de cobrança, intensificou renegociações e passou a exigir garantias adicionais.
Prince afirmou que o diálogo com o produtor continua aberto, mas com um limite claro: “Não há dívida que não possa ser renegociada conosco, exceto se ele pedir proteção judicial.”
Para reduzir perdas, o Banco do Brasil também usa inteligência artificial na triagem de crédito. O sistema identifica clientes com maior risco e direciona novas concessões para operações mais seguras. O objetivo, segundo o executivo, é preservar liquidez e evitar novas perdas no portfólio rural.
Confira no vídeo mais sobre a restrição do crédito agrícola pelo Banco do Brasil:
Banco do Brasil também muda garantias para produtores rurais
Além do endurecimento do crédito agrícola, o Banco do Brasil também adotou garantias mais rígidas, como o penhor e a alienação fiduciária da terra. Esses instrumentos reforçam a segurança jurídica do banco, mas aumentam o custo do crédito e reduzem o acesso dos pequenos produtores.
“Os pedidos de falência são uma armadilha, o produtor perde o crédito e não consegue financiar a próxima safra”, explicou Prince.
Analistas do Itaú BBA e do Citigroup avaliam que o Banco do Brasil deve apresentar o pior desempenho entre os grandes bancos no terceiro trimestre de 2025. O balanço será divulgado em 12/11, e o programa de renegociação de dívidas do governo, lançado em outubro, ainda não teve efeito perceptível nos resultados.
Política rígida de crédito do BB pressiona o campo
A política rígida de crédito do Banco do Brasil reflete a tentativa de proteger o banco da escalada da inadimplência, mas impõe novos desafios ao agronegócio. Embora o rigor aumente a segurança financeira da instituição, ele também restringe o crédito público em um momento de margens mais estreitas e custos elevados.
Caso o ritmo de financiamento continue a cair, pequenos produtores podem enfrentar dificuldade para sustentar a próxima safra, assim, pode entrar em um novo ciclo de aperto financeiro.










