A COP30 realizada em Belém (PA) começou oficialmente nesta quinta-feira (06/11), com a presença de 57 chefes de Estado e de governo e mais de 140 delegações internacionais. A conferência, organizada pela presidência brasileira, marca a abertura política das discussões climáticas e projeta o Brasil como protagonista na diplomacia ambiental global.
Durante a Cúpula dos Líderes, os representantes mundiais discutem a transição energética sustentável e o lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre. Trata-se de uma iniciativa de Luiz Inácio Lula da Silva que busca recompensar financeiramente os países que preservam suas florestas tropicais.
O fundo prevê R$ 625 bilhões (US$ 125 bilhões) em aportes de governos e investidores privados, aplicados em ativos de renda fixa sustentáveis.
O que é a COP30 e por que ocorre em Belém
A COP30, é a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, principal fórum internacional de negociação sobre o clima. Organizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), reúne quase 200 países para avaliar o cumprimento do Acordo de Paris e estabelecer novas metas de redução de emissões até 2035.
A escolha de Belém (PA) tem caráter simbólico e estratégico. Ao ser realizada em Belém, no coração da Amazônia, a COP30 destaca a importância das florestas tropicais para o equilíbrio climático global e reforça a liderança do Brasil nas políticas de bioeconomia e desenvolvimento sustentável. As negociações formais ocorrerão de 10 a 21 de novembro (10 a 21/11), após esta etapa política de alto nível.
Fundo inédito visa financiar a preservação florestal
O Tropical Forests Forever Fund (TFFF), apresentado na COP30 em Belém, propõe um modelo inovador de financiamento climático. A iniciativa combina emissões de títulos verdes e aportes multilaterais, cujo rendimento financiará países que mantêm áreas de floresta preservadas.
O desenho do fundo prevê pagamentos anuais por hectare conservado, destinação mínima de 20% dos recursos a povos indígenas e comunidades locais, e proibição de investimentos em combustíveis fósseis. Segundo o Itamaraty, o TFFF “transforma conservação em ativo de valor global”, sendo considerado o pilar financeiro da nova diplomacia verde.
Transição energética e coalizões sustentáveis
Outro destaque da COP30 realizada em Belém é o Compromisso Belém 4x, liderado por Brasil, Itália e Japão, que pretende quadruplicar a produção e o uso de combustíveis sustentáveis até 2035. O pacto complementa a meta global de triplicar a capacidade de energias renováveis até 2030 e duplicar a eficiência energética.
Os debates envolvem temas como hidrogênio verde, biogás e combustíveis sintéticos, ampliando o papel da cooperação tecnológica entre países e o investimento em transição energética justa. Líderes como Ursula von der Leyen e Keir Starmer participam das sessões de alto nível.
Financiamento climático e o Roteiro Baku–Belém
Na última mesa de trabalho, os participantes da COP30 em Belém revisitam os dez anos do Acordo de Paris (2015–2025) e apresentam o Roteiro Baku–Belém, desenvolvido em parceria entre Azerbaijão e Brasil. O plano prevê mobilizar US$ 1,3 trilhão por ano até 2035, com foco em redirecionar e reestruturar o sistema financeiro climático global.
Segundo Maurício Lyrio, secretário de Clima e Meio Ambiente do Itamaraty, “a Cúpula não é deliberativa; o que é deliberativo é a COP”.
Já o secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu que “a COP30 seja o ponto de virada entre a promessa e a prática”.
Presenças e ausências que moldam o tom político
Entre os líderes confirmados na COP30 em Belém estão Emmanuel Macron (França), Cyril Ramaphosa (África do Sul), António Costa (Conselho Europeu) e Jonas Gahr Støre (Noruega). O Príncipe William representa o rei Charles III. Já Estados Unidos, China e Argentina não enviaram chefes de Estado, ausência que reforça o descompasso entre grandes potências e países emergentes.
A participação de países africanos e latino-americanos dá à conferência uma conotação mais equitativa, reforçando a busca por um novo equilíbrio climático e financeiro global.
O legado da COP30 em Belém para a diplomacia climática
A COP30 em Belém consolida o Brasil como mediador global na agenda ambiental e amplia o alcance político da Amazônia como ativo estratégico. O êxito do evento dependerá da adesão internacional ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre e ao Roteiro Baku–Belém. Afinal, ambos são considerados marcos estruturais da próxima década climática.
Por fim, com a realização de evento climático de tal escala, Belém se firma como símbolo da virada verde. Um local onde a diplomacia climática deixa de ser discurso e passa a orientar a economia global para a sustentabilidade.










