O investimento estrangeiro no Brasil cresceu 67% entre 2022 e maio de 2025, alcançando US$ 37 bilhões em novos projetos produtivos, segundo relatório da McKinsey & Company. O desempenho supera amplamente a média global de 24% e reforça o país como destino estratégico em meio à fragmentação geopolítica mundial.
O levantamento indica que os investimentos estrangeiros se concentram em setores básicos do Brasil, especialmente energia, mineração e agronegócio, o que mantém o desafio de diversificar o destino do capital estrangeiro. Dados complementares apurados pelo Valor Econômico mostram que a média anual de investimentos greenfield no país saltou de US$ 22,7 bilhões (2015–2019) para US$ 36,9 bilhões (2022–2025), avanço de 62%.
Principais destinos do capital:
- Energia: US$ 16,3 bilhões anuais, alta de 146% sobre o ciclo anterior;
- Mineração e metais: US$ 6 bilhões;
- Agronegócio e alimentos: US$ 3,6 bilhões;
- Serviços financeiros e profissionais: US$ 4 bilhões.
A Europa e os Estados Unidos seguem como principais fontes de investimento estrangeiro no Brasil, respondendo juntos por 65% do total, mas há avanço expressivo de fluxos oriundos do Oriente Médio, que mais que dobrou sua participação, e da Ásia, com destaque para Singapura.
Investimento estrangeiro no Brasil e a neutralidade geopolítica
A neutralidade política histórica do país tem se convertido em vantagem competitiva.
“O Brasil é o país historicamente neutro do ponto de vista geopolítico e, num cenário como o atual, esse é um ativo importante que temos”, avalia Nelson Ferreira, sócio sênior da McKinsey.
Segundo o consultor, essa postura tem atraído investimentos estrangeiros de múltiplas origens para o Brasil e ampliado a confiança de investidores em longo prazo.
“Com energia renovável abundante e forte base agrícola, o país se tornou destino prioritário para projetos em agricultura, energia e commodities.”
Energia e tecnologia lideram novos investimentos estrangeiros no Brasil
O setor de energia domina o cenário, com 46% dos investimentos anunciados desde 2022, puxado por projetos bilionários de hidrogênio verde no Ceará e petróleo e gás na Bacia de Campos.
Segundo a McKinsey, meganegócios acima de US$ 1 bilhão representam apenas 1% das operações, mas metade do valor total dos investimentos estrangeiros no mundo.
Apesar da expansão, há sinais de concentração excessiva. As indústrias avançadas registraram queda de 31,1% na média anual de aportes, recuando para US$ 2,9 bilhões.
O diretor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rafael Cagnin, atribui a retração ao alto custo de produção, logística ineficiente e escassez de mão de obra qualificada, fatores que dificultam a atração de investimentos estrangeiros tecnológicos no Brasil.
Pontos críticos destacados pelo Iedi:
- Falta de política industrial consistente;
- Custo logístico e tributário elevado;
- Dificuldade de financiamento para inovação;
- Gargalos de infraestrutura e regulação.
Rumo a um novo ciclo industrial e tecnológico
Para a McKinsey, o próximo salto dos investimentos estrangeiros no Brasil dependerá de condições macroeconômicas estáveis e de um novo ciclo de modernização industrial. “Para ganhar competitividade em indústrias estratégicas, o país precisa de um ciclo de investimento com digitalização, automação e IA”, afirma Ferreira.
A análise conjunta da McKinsey e do Iedi reforça que o desafio central é diversificar o perfil dos investimentos. Logo, reduzindo a dependência de commodities e energia, além de estimular manufatura avançada. Com estabilidade institucional e estímulo à inovação, o Brasil pode se consolidar como um dos principais polos de capital produtivo global nos próximos anos.
Clique aqui e leia o relatório da McKinsey & Company.










