O valor do Bitcoin não despencou de uma vez. A queda recente é apenas a parte mais visível de um ajuste iniciado em outubro, quando a criptomoeda renovou máximas e tocou US$ 126.000 (R$ 671.580). A partir dali, sinais de desgaste começaram a se acumular: liquidez mais curta, pressões técnicas e um ambiente global menos favorável a ativos de risco.
O ponto de inflexão surgiu no início de novembro, quando o ativo rompeu o suporte dos US$ 100.000 (R$ 533.000), um dos níveis mais monitorados do mercado. Esse movimento alterou a estrutura do valor do Bitcoin, ativou algoritmos de venda, mexeu em parâmetros usados por fundos quantitativos e abriu espaço para liquidações em sequência. Foi ali que a arquitetura do mercado começou a se desorganizar.
A pressão acumulada explodiu na última sexta-feira (14/11), quando o valor do Bitcoin aprofundou a correção e caiu para abaixo de US$ 95.000 (R$ 506.350). O movimento acompanhou a volatilidade das ações de tecnologia, afetadas pelo ritmo acelerado de investimentos sem previsibilidade das big techs em inteligência artificial. Como parte dos investidores transita entre tecnologia e cripto, a reversão ocorreu de forma sincronizada.
Valor do Bitcoin despenca: ainda vai cair mais? Entenda no vídeo!
A conexão entre esses mercados ficou evidente. Investidores que participam dos ciclos de euforia das empresas de tecnologia, especialmente em temas ligados à Inteligência Artificial (IA), também mantêm posições relevantes em criptoativos. A reversão das últimas sessões ganhou força após alertas sobre custos crescentes da IA, reduzindo o apetite por risco e acelerando a correção que já vinha sendo construída no valor do Bitcoin.
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Fatores que explicam a queda do valor do Bitcoin
A origem da correção global que atingiu o valor do Bitcoin combina fatores técnicos e decisões que se sobrepuseram ao longo de novembro. O ajuste começou com liquidações automáticas e se agravou quando grandes fundos revisaram métricas de risco após a perda de sustentação observada desde outubro. Os principais dados do choque são:
- US$ 19 bilhões (R$ 101,27 bilhões) em posições alavancadas foram liquidados, ativando ordens automáticas de venda e chamadas de margem;
- O efeito dominó nos derivativos ampliou a pressão e expôs fragilidades técnicas acumuladas;
- O mercado acumula perdas de US$ 600 bilhões (R$ 3,198 trilhões) desde outubro;
- A capitalização total caiu do pico de US$ 4,4 trilhões (R$ 23,452 trilhões) para níveis mais baixos, refletindo diretamente no valor do Bitcoin;
- A combinação entre menor liquidez e revisão de risco aumentou a vulnerabilidade a movimentos bruscos.
O impacto combinado levou a uma retração de 20% no mercado cripto e reduziu o ganho acumulado do ano para 2,5%. A soma das liquidações automáticas, do enfraquecimento técnico e do reposicionamento institucional explica por que o movimento ganhou velocidade e assumiu proporções globais.
Resposta ao choque de liquidez
Esse processo desencadeou uma reorganização nas estratégias dos grandes gestores. A deterioração das condições de liquidez levou casas globais a reforçarem posições defensivas e a recalibrar métricas de risco. Com o mercado mais sensível, a exposição ao valor do Bitcoin passou a ser revista com mais rigor, contribuindo para a intensidade do ajuste observado.
“A correção foi agravada pela sensibilidade dos investidores às notícias sobre gastos em inteligência artificial. Quando o apetite por risco diminui na tecnologia, ele diminui também no Bitcoin, porque boa parte dos fluxos é compartilhada“, destacou ao Economic News Brasil o economista Pedro Brandão.
Estrutura técnica e sinais que devem moldar os próximos meses
A estabilização dependerá da recomposição da liquidez global, do comportamento dos derivativos e da retomada gradual do fluxo institucional. Se esses vetores avançarem, o setor poderá recuperar parte do dinamismo perdido desde outubro. Até lá, o valor do Bitcoin seguirá condicionado ao apetite por risco, à leitura macroeconômica e às reavaliações constantes feitas por grandes fundos, forças que determinarão a intensidade das próximas tendências.











