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Empréstimo dos Correios de R$ 20 bi é suspenso após veto do Tesouro

Empréstimo dos Correios
A direção dos Correios suspendeu a negociação em torno de um empréstimo de R$ 20 bilhões devido aos custos elevados da operação. (Foto: Reprodução)

Na tarde de 02/12, o empréstimo dos Correios de R$ 20 bilhões foi suspenso pela estatal após o Tesouro Nacional recusar garantia para a operação oferecida por um consórcio de bancos. A proposta previa juros em torno de 136% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), acima do limite de 120% usado como referência em operações com aval da União.

A decisão foi comunicada em reunião entre o presidente da estatal, Emmanoel Rondon, e integrantes do Ministério da Fazenda. Nesse encontro, o Tesouro informou que não aceitaria garantir qualquer financiamento com custo superior a 120% do CDI, taxa diária usada nas operações entre instituições financeiras. Diante do recado, a direção optou por interromper as negociações e reavaliar o desenho da linha de crédito dos Correios com o grupo formado por BTG Pactual, Citibank, ABC Brasil, Banco do Brasil e Safra.

Empréstimo dos Correios e a exigência do Tesouro

O parâmetro de 120% do CDI é aplicado como referência em operações de crédito com garantia da União para estados, municípios e outras estatais. Os Correios não é obrigado por lei a seguir esse teto, por ser uma estatal não dependente. Porém, qualquer operação que transfira risco ao Tesouro precisa da concordância do próprio órgão, o que torna a regra prática incontornável. O veto do empréstimo dos correios, portanto, atingiu o coração do desenho financeiro proposto pelos bancos.

Três das instituições do consórcio já mantêm um contrato de R$ 1,8 bilhão com a estatal, sem garantia da União. Na avaliação interna, é do interesse desses credores trocar esse passivo por uma nova operação com aval soberano, que reduz o risco de inadimplência. A direção pretende usar esse ponto como argumento nas próximas rodadas e insiste que uma taxa mais baixa é compatível com o risco efetivo da operação e com o papel da estatal no sistema logístico.

Plano de reestruturação dos Correios

O contexto financeiro ajuda a explicar a pressão em torno do empréstimo dos Correios. Até setembro, a estatal acumula prejuízo de R$ 6,05 bilhões e trabalha com estimativas internas de rombo em torno de R$ 10 bilhões em 2025. Sem mudanças estruturais, as projeções apontam perdas próximas de R$ 23 bilhões em 2026. Ao mesmo tempo, a participação no mercado de encomendas caiu de 51% para 25%, em meio ao avanço de concorrentes privados e à expansão do comércio eletrônico.

Além do empréstimo, reestruturação dos Correios reúne ações que para reunir recursos e conter perdas previstas para os próximos anos. Entre as medidas previstas estão:

  • Programa de Demissão Voluntária com estimativa de adesão de 10 mil empregados, reduzindo custos trabalhistas.
  • Venda de imóveis ociosos, com potencial de até R$ 1,5 bilhão, para reforçar o caixa.
  • Fechamento de até mil pontos deficitários da rede de atendimento, cortando despesas fixas.
  • Ajustes no Postal Saúde, plano de saúde dos funcionários, para reduzir o déficit do benefício.
  • Investimentos em logística e tecnologia, essenciais para recuperar competitividade após a queda de participação no mercado de encomendas.

Dentro desse desenho, o financiamento dos Correios funciona como sustentação financeira para atravessar a fase de ajustes até 2027.

Leia também: Futuro dos Correios: crise financeira coloca estatal sob alerta máximo do TCU

Cenários para o financiamento dos Correios

Com a suspensão do empréstimo dos Correios, a estatal trabalha em alternativas que combinem custo menor e estrutura mais flexível. Uma das possibilidades é fatiar o aporte, contratando valores menores em etapas. Em paralelo, a equipe econômica monitora o efeito dessa operação sobre o déficit fiscal, a liquidez do Tesouro e a percepção de risco associada às estatais federais.

Por fim, o desfecho do empréstimo dos Correios tende a funcionar como sinal para todo o mercado de crédito bancário voltado ao setor público. Se o consórcio aceitar uma taxa compatível com a exigência do Tesouro, o aporte dos Correios pode destravar o plano de reestruturação e reduzir a pressão imediata sobre o caixa.

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