O crédito consignado ao trabalhador privado deve encerrar 2025 com R$ 100 bilhões contratados, segundo estimativa apresentada nesta quinta-feira (04/12) pelo Ministério da Fazenda. O avanço ocorre em um cenário de taxas médias próximas de 3% ao mês, bem abaixo dos 11% cobrados em linhas sem garantia, o que tem ampliado o acesso ao financiamento mesmo em ambiente de política monetária apertada. Esse desempenho também reflete a integração da Carteira de Trabalho Digital ao sistema, que acelerou análises e reduziu etapas operacionais.
O secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Pinto, afirmou que o volume atual chega a R$ 90 bilhões, incluindo R$ 38 bilhões de renegociações de contratos anteriores. Embora considere o programa um avanço, ele avalia que o desenho regulatório ainda precisa evoluir para fortalecer a competição bancária.
“Não é ainda o que a gente quer, o sistema tem que ser aperfeiçoado, a competição tem que aumentar, mas tenho certeza que em um ou dois anos estaremos com taxas muito menores”, declarou.
Crédito consignado ao trabalhador privado: como funciona
Criado para reduzir o custo financeiro do setor privado, o programa permite que as parcelas sejam descontadas diretamente na folha de pagamento, diminuindo risco de inadimplência. Além disso, parte das operações recebe garantia do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que atua como colchão adicional para instituições financeiras interessadas em ampliar a oferta.
Essa estrutura operacional, somada ao uso obrigatório do aplicativo Carteira de Trabalho Digital, acelerou aprovações e elevou o alcance do produto. Como consequência, o empréstimo consignado ao trabalhador privado tornou-se uma alternativa mais estável para consumidores que buscam crédito em meio ao encarecimento das linhas tradicionais. O Banco Central do Brasil (BC) destaca que, apesar do crescimento, o impacto sobre a atividade econômica tem sido menor que o esperado pelo mercado.
Efeitos no mercado financeiro do empréstimo consignado ao trabalhador privado
O programa reforça a disputa entre bancos e financeiras em um momento de queda gradual do custo médio do crédito no país, ainda que o patamar siga elevado em comparação internacional. Além disso, o consignado do setor privado reduz a dependência dos trabalhadores por modalidades com taxas mais agressivas, contribuindo para frear ciclos de endividamento. Esse ajuste ocorre enquanto o BC monitora possíveis efeitos sobre consumo e inflação, mantendo atenção às medidas que envolvem garantias e renegociação de dívidas.
A ampliação da linha também pressiona instituições a revisarem modelos de risco e margem, sobretudo porque os juros mais baixos exigem maior eficiência operacional. A presença do crédito com desconto em folha nesse ambiente cria incentivos para bancos menores competirem por espaço, o que tende a afetar prazos, custos e políticas de análise.
Dinâmica futura desse financiamento
A trajetória do financiamento salarial aponta para novas adaptações, já que a combinação entre garantias do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e digitalização tende a reconfigurar o mercado de crédito ao consumo. A articulação entre competição bancária, política monetária e demanda familiar deve definir o ritmo desse avanço. Esse conjunto indica que o crédito consignado ao trabalhador privado continuará no centro do debate sobre acesso financeiro em 2025, com possíveis ajustes regulatórios que podem redesenhar margens e estratégias.











