A queda do preço do minério de ferro para US$102 a tonelada em Singapura, menor nível desde o início do mês, reforçou a preocupação do mercado com a desaceleração da siderurgia chinesa. O recuo, observado nesta segunda-feira (08/12), ocorre enquanto a China atravessa uma fase de demanda moderada e ausência de estímulos adicionais, cenário que tem refletido diretamente nas cotações globais.
Esse enfraquecimento aparece também na Dalian Commodity Exchange, bolsa de futuros chinesa, onde o contrato de janeiro terminou a sessão cotado a 778,5 iuanes (US$110,13), o valor mais baixo desde meados de novembro. Analistas destacam que siderúrgicas ampliaram as paradas de manutenção durante o período sazonal de menor consumo de aço, o que reduz o ritmo de compra de matéria-prima e amplia a pressão sobre os preços. Além disso, a produção diária de metal quente caiu para 2,32 milhões de toneladas, queda de 1% e o menor nível desde setembro, segundo a consultoria Mysteel.
Preço do minério de ferro e o impacto das decisões chinesas
Na reunião de dezembro do Politburo, órgão máximo de decisão do Partido Comunista da China, a liderança reiterou que adotará políticas econômicas mais proativas em 2026. Contudo, o encontro não apresentou novas ações capazes de reaquecer a atividade industrial no curto prazo. Analistas afirmam que essa ausência de medidas concretas frustrou expectativas e pressionou o preço do minério de ferro, que aprofundou perdas ao longo da tarde.
Ao mesmo tempo, as importações chinesas permaneceram acima de 100 milhões de toneladas em novembro pelo sexto mês consecutivo. Esse volume elevado, apesar do consumo moderado, sugere acúmulo de estoques e reduz o interesse por novos embarques, inserindo mais pressão sobre as cotações internacionais.
Efeitos da cotação do minério de ferro no Brasil
O Brasil, segundo maior exportador mundial, sente esse reflexo com intensidade. Entre janeiro e outubro de 2025, o país embarcou 341,1 milhões de toneladas, alta de 5,7% sobre 2024, impulsionado por operações em Minas Gerais e Pará. Entretanto, como mais de 70% dos embarques têm a China como destino, a queda do preço do minério de ferro comprime a receita das mineradoras mesmo com volumes elevados. Especialistas em comércio exterior afirmam que operações de custo mais alto ficam especialmente pressionadas quando as cotações se aproximam da casa dos US$100.
A dinâmica também influencia a arrecadação de estados produtores, já que royalties por Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) variam conforme a cotação. Em paralelo, portos como Ponta da Madeira, Tubarão e Porto Sudeste mantêm fluxo intenso, mas com negociações mais cautelosas diante da volatilidade do mercado asiático.
Pressões futuras e a tendência global do insumo
Nesse ambiente, o setor acompanha sinais da economia chinesa para avaliar possíveis realinhamentos de oferta e demanda. No entanto, a perspectiva de especialistas é que o insumo siga condicionado ao ritmo da construção e da indústria pesada na Ásia, ao mesmo tempo em que a concorrência logística com países produtores se intensifica. Esse conjunto de fatores tende a moldar o cenário das exportações brasileiras e consolidar novos padrões para o valor do minério nos próximos meses, especialmente se a China mantiver políticas de estímulo mais contidas.











