A taxa Selic segue estável em 15% na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulgada nesta quarta-feira (11/12), e essa sinalização reorganizou as apostas do mercado, que passou a concentrar expectativas de corte apenas em março. O boletim Focus reforçou essa leitura ao mostrar que a inflação projetada para 2025 caiu para 4,40%, reduzindo a pressão por alteração imediata da taxa.
Os dados do Focus também indicam que a projeção para 2026 recuou para 4,16%, enquanto a Selic permanece em 15% desde junho. Essa trajetória levou o BC a manter a taxa porque, segundo analistas, Selic continua estável enquanto a convergência para o centro da meta exigiria mais evidências de desaceleração da inflação antes de qualquer flexibilização. A leitura ganhou tração após o presidente Gabriel Galípolo explicar que o trecho sobre manter a taxa por “período bastante prolongado” não é reiniciado a cada encontro.
A fala de Galípolo permitiu uma interpretação mais clara sobre comunicação do Copom sem necessidade de ajuste formal do texto. Isso levou economistas a revisar o momento provável do ciclo de cortes, que agora se concentra no primeiro trimestre. Nesse contexto, Selic segue inalterada porque a autoridade monetária reforça que a decisão ainda depende da consolidação do processo de desinflação.
A Pesquisa Projeções Broadcast mostra que 17 das 35 instituições esperam cortes apenas a partir de março, enquanto parte menor continua testando janeiro como possibilidade. O mercado entende que a calibragem entre atividade, inflação e condições externas segue determinante para a definição do ritmo de queda dos juros.
Selic segue estável e projeções mudam o debate
A queda das estimativas de inflação nas últimas quatro semanas levou analistas a revisar modelos internos, já que a mediana do Focus para 2025 caiu para 4,40%. O indicador também passou abaixo do teto de 4,50% pela primeira vez desde dezembro de 2024, e esse ponto trouxe alívio técnico. Mas o BC manteve a Selic em 15% porque considera que a convergência para o centro da meta ainda exige prudência.
A interpretação também mudou após Galípolo esclarecer que a expressão “período bastante prolongado” não é reiniciada a cada reunião. Isso permitiu ajustar a forma como o recado do Copom é lido pelos investidores, sem depender de alterações no documento para antecipar eventuais cortes.
Elementos avaliados pelas casas consultadas:
- Projeção do Focus para 2026, que recuou de 4,20% para 4,16%.
- Estabilidade da Selic desde junho, com efeito acumulado sobre a atividade.
- Distribuição da Pesquisa Broadcast, que mostra concentração das apostas em março.
- Busca pelo centro da meta de 3%, ponto reforçado nas falas de Galípolo.
Selic segue estável e revela cautela do BC
O Copom destaca que manter a taxa atual é parte do processo de ancoragem das expectativas, já que a desinflação precisa se firmar nos próximos meses. Esse entendimento levou o mercado a reduzir a probabilidade de corte em janeiro, embora alguns modelos ainda considerem esse cenário como alternativa.
A comunicação do BC mostra que o colegiado monitora a atividade econômica, que perdeu fôlego recente. O grupo também observa a reação da curva de juros ao ambiente internacional. Esse conjunto de sinais explica por que o início do ciclo de queda segue concentrado no primeiro trimestre, com maior adesão à hipótese de corte para 14,5% em março.
O exterior reforça a cautela. O Federal Reserve cortou a taxa dos Estados Unidos em 25 bps, levando-a para 3,5% a 3,75%, e a votação voltou a ser dividida. A pressão política de Donald Trump para reduções mais amplas também elevou o ruído, sobretudo porque o mandato de Jerome Powell termina em maio e a escolha do sucessor pode ocorrer antes do fim do ano.
Selic continua estável e pressiona análises futuras
A combinação entre projeções moderadas, discurso cuidadoso do BC e incertezas internacionais cria uma leitura mais densa para o início do próximo ano. Nesse contexto, Selic permanece parada e funciona como referência para investidores que acompanham a interação entre inflação, balanço de riscos e direcionamento do Fed. A evolução das expectativas no Focus e a atuação dos bancos centrais no exterior devem definir a janela de cortes, ampliando o peso das variáveis monitoradas pelo BC.











