O Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios em 2023 confirma que a economia brasileira segue menos concentrada nos grandes centros do que no passado recente. A afirmação se baseia em dados referentes a 2022 e 2023, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (19/12). Além disso, o levantamento mostra que, apesar do crescimento de 3,2% do PIB do país em volume, a geração de riqueza continuou espalhada entre capitais, cidades médias e municípios especializados.
Portanto, embora os maiores centros urbanos mantenham liderança em valores absolutos, o peso relativo dessas cidades no total nacional diminuiu ao longo das últimas duas décadas. Além disso, em 2023 essa tendência permaneceu, com recuperação pontual das capitais, mas sem reversão estrutural.
PIB dos municípios: os 10 maiores do país em 2023
Mesmo com a desconcentração gradual, o topo do ranking segue dominado por grandes centros urbanos e municípios com atividades estratégicas. Em 2023, os dez maiores PIBs municipais foram:
- São Paulo (SP): 9,7% do PIB nacional
- Rio de Janeiro (RJ): 3,8%
- Brasília (DF): 3,3%
- Maricá (RJ): 1,2%
- Belo Horizonte (MG): 1,2%
- Manaus (AM): 1,2%
- Curitiba (PR): 1,1%
- Osasco (SP): 1,1%
- Porto Alegre (RS): 1,0%
- Guarulhos (SP): 0,9%
No agregado, as 25 maiores cidades responderam por 34,2% do PIB do Brasil em 2023, percentual inferior aos 39,9% observados em 2002, o que reforça a perda gradual de concentração.
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Capitais e interior: como o PIB dos municípios se distribuiu
A divisão entre capitais e municípios não capitais ajuda a explicar essa mudança estrutural observada no PIB dos municípios. Em 2023, houve recuperação das capitais em relação ao ano anterior, mas o interior manteve a maior parte da produção nacional.
- Capitais: 28,3% do PIB nacional em 2023
→ Recuperação frente a 2022, quando a participação havia recuado ao menor nível da série. - Capitais em 2022: 27,5%
→ Reflexo da perda relativa de dinamismo dos grandes centros no período recente. - Capitais em 2020: 29,7%
→ Referência pré-pandemia, ainda não retomada. - Municípios não capitais: 71,7% do PIB do país
→ Confirma que a maior parte da atividade econômica está fora das capitais, sustentada por cidades médias, polos industriais e áreas do agronegócio.
Nesse contexto, observa-se que as capitais deixaram de perder espaço, mas seguem com participação menor do que no início da década.
Quem ganhou e quem perdeu participação no PIB
As variações do PIB dos municípios brasileiros entre 2022 e 2023 mostram como a especialização produtiva influencia o desempenho municipal. Municípios ligados à extração de petróleo concentraram perdas, enquanto centros diversificados avançaram.
- Maiores perdas: Maricá (RJ), Niterói (RJ) e Saquarema (RJ), impactados pela volatilidade da atividade petrolífera.
- Maiores ganhos: São Paulo (SP), Brasília (DF) e Porto Alegre (RS), apoiados em serviços, indústria e administração pública.
O contraste reforça que estruturas produtivas diversificadas tendem a apresentar maior estabilidade ao longo do tempo.
Leitura estrutural do PIB municipal
A análise do produto interno bruto dos municípios sugere que a economia brasileira avança de forma menos concentrada, ainda que desigual. Portanto, capitais seguem relevantes, mas dividem espaço com polos regionais e cidades especializadas, redesenhando o mapa econômico do país. Esse padrão do PIB amplia a importância de estratégias locais de desenvolvimento dos municípios deve influenciar decisões de investimento e políticas públicas nos próximos anos.
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