A arrecadação federal em novembro alcançou R$ 226,753 bilhões, maior valor já registrado para o mês desde o início da série histórica em 1995. O resultado, divulgado pela Receita Federal nesta segunda-feira (22/12), representa crescimento real de 3,75%, descontada a inflação pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em relação ao mesmo período de 2024.
Além disso, com esse desempenho mensal, a arrecadação acumulada entre janeiro e novembro de 2025 somou R$ 2,594 trilhões. No comparativo anual, o avanço real foi de 3,25%, refletindo uma combinação entre expansão da base tributária e efeitos específicos na composição das receitas ao longo do período.
Arrecadação federal em novembro: composição das receitas
Do total arrecadado no mês, R$ 214,398 bilhões vieram de tributos administrados diretamente pela Receita Federal. Esse conjunto apresentou crescimento real de 1,06% na comparação anual, indicando avanço moderado da arrecadação federal de novembro, associado às receitas recorrentes.
As receitas administradas por outros órgãos somaram R$ 12,355 bilhões e registraram alta real de 93,10%. O resultado teve forte influência dos royalties de petróleo, que ampliaram sua participação na arrecadação da União no período e sustentaram parte relevante do recorde observado.
Arrecadação federal em novembro expõe efeito de ajustes legais nos tributos
O detalhamento dos tributos mostra que a arrecadação federal em novembro foi puxada menos por um avanço generalizado da economia e mais por vetores bem definidos: alterações normativas recentes, dinâmica do mercado de trabalho e desempenho desigual entre comércio e serviços. A leitura por tributo ajuda a separar o que veio de base econômica recorrente do que foi influenciado por decisões legais e efeitos pontuais.
Nesse recorte, três frentes explicam a maior parte da variação mensal:
— IOF como principal ponto fora da curva
O Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) arrecadou R$ 8,61 bilhões no mês, com alta real de 39,95%. Segundo a Receita Federal, o desempenho dentro da arrecadação federal em novembro reflete o aumento das operações de saída de moeda estrangeira e do crédito destinado a pessoas jurídicas. Nesse contexto, as alterações introduzidas pelo Decreto nº 12.499, de junho de 2025, afetam ambos os componentes do IOF.
— Receita previdenciária apoiada no mercado de trabalho
A arrecadação previdenciária alcançou R$ 58,36 bilhões, avanço real de 2,77%. O crescimento de 4,15% da massa salarial sustentou o resultado e a elevação de 20,75% nas compensações tributárias com débitos previdenciários reforçou a arrecadação. Também contribuiu a volta gradual da cobrança da contribuição das empresas e dos municípios sobre a folha de salários, prevista na Lei nº 14.973/2024.
— PIS/Pasep e Cofins sustentados pelo setor de serviços
Esses tributos somaram R$ 49,67 bilhões, com crescimento real de 3,15%. Embora o comércio tenha registrado queda no volume de vendas, dados do IBGE apontam expansão de 2,16% no volume de serviços. Fator que, por consequência, ampliou a base de incidência e sustentou a receita tributária federal no período.
Esse arranjo deixa claro que fontes heterogêneas moldaram a arrecadação federal em novembro, com peso relevante de regras recentes e de segmentos específicos da economia.
Leitura ampliada da arrecadação mensal
O resultado da arrecadação federal em novembro divulgados pela Receita Federal indica que o desempenho recente combina crescimento da atividade econômica com reforços vindos de fontes específicas, como royalties e IOF. Embora esse desenho contribua para melhorar o resultado fiscal no curto prazo, ele também destaca a dependência de componentes menos recorrentes. Portanto, é um fator que mantém o debate sobre a qualidade e a previsibilidade da arrecadação federal nos meses seguintes.











