A crise nos Correios levou a estatal ao pior índice de entregas no prazo do ano justamente às vésperas do Natal. Dados indicam que menos de 70% das encomendas chegaram dentro do prazo, com registros de até 68%, o que confirma atraso em pelo menos 30% dos envios no período mais sensível do varejo.
Esse quadro vinha sendo construído ao longo de 2024. Dívidas com fornecedores já pressionavam a operação logística, afetando transporte, triagem e distribuição. Quando a demanda sazonal cresceu, a estrutura já operava sob forte restrição operacional.
A situação se agravou com a greve de funcionários em centros estratégicos, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Essas cidades concentram grande volume de encomendas e funcionam como eixos da rede nacional. Com paralisações nesses pontos, os atrasos se espalharam rapidamente.
Números que explicam o cenário da crise nos Correios
Índice de entregas no prazo: até 68%
Encomendas com atraso: mínimo de 30%
Cidades com paralisação: SP, RJ e BH
Reação do mercado: alta recorde na procura por transportadoras privadas
Nesse contexto, a crise nos Correios deixa de ser apenas um problema operacional pontual e passa a gerar efeitos econômicos mais amplos. A quebra de previsibilidade nas entregas, justamente no período de maior volume do ano, impacta o comércio eletrônico, pressiona pequenos lojistas e compromete a experiência do consumidor final.
Além disso, a migração acelerada para transportadoras privadas indica perda direta de demanda e receita para a estatal. Esse deslocamento reforça a competição no setor logístico e dificulta a recuperação dos Correios no curto prazo, especialmente diante de restrições financeiras e conflitos trabalhistas ainda em curso.
Com dívidas pendentes, paralisações em centros estratégicos e atrasos superiores a 30% das encomendas, a crise da empresa expõe limites da capacidade operacional da empresa em momentos críticos do calendário comercial. O resultado imediato é a ampliação dos gargalos logísticos, enquanto o efeito estrutural recai sobre contratos, confiança do mercado e sustentabilidade da operação.
Assim, a crise nos Correios se consolida como um fator relevante para o desempenho do varejo e da logística nacional no fim de ano, com reflexos que tendem a se estender além do período natalino.











