O BNDES investe em ferrovia ao destinar R$ 1,05 bilhão para a construção de um trecho ferroviário de 86,7 quilômetros no Mato Grosso do Sul, com foco no escoamento da produção de celulose da Eldorado Brasil. A decisão, anunciada nesta semana (22/12), posiciona o banco, assim, no primeiro projeto do setor estruturado sob o regime de autorização ferroviária.
Nesse contexto, o empreendimento ligará a fábrica da Eldorado em Três Lagoas ao terminal da companhia em Aparecida do Taboado, ambos no MS. A partir desse ponto, por sua vez, a carga seguirá pelo corredor logístico que conecta Rondonópolis, no Mato Grosso, ao Porto de Santos, em São Paulo, principal via de exportação do país.
Ainda em novembro, o banco aprovou a estrutura financeira do projeto. De acordo com o BNDES, o apoio ocorre por meio da subscrição de R$ 1 bilhão em debêntures de infraestrutura, com emissão coordenada pela própria instituição. Além disso, o pacote inclui um financiamento adicional de R$ 50 milhões via linha Finem, voltada a grandes empreendimentos.
BNDES investe em ferrovia e altera a lógica logística
Com a nova ferrovia, a Eldorado deverá substituir aproximadamente 50 mil viagens de caminhões atualmente utilizadas no transporte de celulose. Segundo o banco, essa mudança, portanto, reduz custos logísticos e diminui as emissões de CO₂ associadas ao modal rodoviário. Além disso, contribui para melhorar a previsibilidade do escoamento da produção.
Ao mesmo tempo, a autorização ferroviária adotada neste projeto permite que a iniciativa privada proponha e implemente a infraestrutura sem recorrer à licitação tradicional. Esse modelo, por consequência, integra o novo arranjo regulatório do setor e amplia a participação empresarial em projetos de transporte de carga.
Durante a fase de implantação, a estimativa é de mais de 3 mil empregos diretos e indiretos. Esse impacto tende a se concentrar, sobretudo, na região leste do Mato Grosso do Sul. Uma área estratégica para a indústria de base florestal e para a produção de celulose.
Expansão ferroviária privada no setor de celulose
Segundo o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, a iniciativa amplia a competitividade da celulose brasileira. De acordo com ele, o país produz cerca de 24,3 milhões de toneladas por ano, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da China no ranking global.
Dessa forma, ao apoiar a ferrovia da Eldorado, o BNDES investe em ferrovia como instrumento de política industrial e logística. A estratégia indica, portanto, que a eficiência no transporte passou a ser um fator decisivo para sustentar a competitividade do Brasil em cadeias exportadoras intensivas em volume, como a celulose, especialmente em um cenário de pressão por custos e maior exigência ambiental.











