A renegociação de dívidas rurais atingiu R$ 28,2 bilhões até 19/12, conforme dados compartilhados por instituições financeiras nesta terça-feira (23/12). O volume reúne 36,2 mil operações, combinando linhas com recursos controlados e recursos livres.
O total reflete a aplicação das medidas provisórias editadas ao longo de 2025 para enfrentar o aumento do endividamento no campo. Parte relevante desse montante decorre da MP 1.314/2025, que liberou R$ 12 bilhões para renegociação de dívidas rurais via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Até o momento, R$ 5,4 bilhões foram enquadrados nessa modalidade. Desse valor, R$ 5 bilhões ficaram concentrados no Rio Grande do Sul, enquanto produtores dos demais Estados responderam por cerca de R$ 400 milhões, segundo o mesmo conjunto de informações.
Renegociação de dívidas rurais nos bancos
Entre as instituições financeiras, o Banco do Brasil (BB) lidera as operações de renegociação de dívidas rurais com recursos controlados, somando R$ 2,2 bilhões aprovados. O Sicredi aparece na sequência, com R$ 1,6 bilhão, seguido pelo Banrisul, com R$ 1 bilhão, em um total de 19,7 mil contratos.
Além dessas linhas, os bancos também renegociaram R$ 22,8 bilhões com recursos livres, em mais 16,5 mil operações de renegociação de dívidas rurais. Nesse grupo:
- O BB concentrou mais de R$ 20,4 bilhões;
- Enquanto o Sicredi respondeu por R$ 2,1 bilhões;
- e o Banco do Estado do Rio Grande do Sul S.A (Banrisul) por cerca de R$ 100 milhões.
Já os contratos renegociados alcançam diferentes perfis de produtores. Do total enquadrado nas linhas com recursos controlados:
- R$ 2,5 bilhões correspondem a médios produtores atendidos pelo Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp);
- R$ 2,1 bilhões correspondem a grandes produtores;
- e R$ 800 milhões correspondem a operações do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
Novas regras para renegociação de dívidas rurais
A MP 1.328/2025 ampliou o escopo da renegociação de dívidas rurais ao permitir a inclusão de operações de custeio da safra 2024/25. Segundo o Banco do Brasil, cerca de 18 mil contratos, que somam aproximadamente R$ 4 bilhões, podem passar a ser enquadrados.
“Com a publicação da MP 1328, ampliando o escopo de operações enquadradas, são cerca de 18 mil operações que somam aproximadamente R$ 4 bilhões”, afirmou Gilson Bittencourt, vice-presidente de Agronegócios e Agricultura Familiar do BB.
Apesar da regulamentação pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), ainda não houve alteração na circular do BNDES que autorize formalmente o enquadramento desses financiamentos. Enquanto isso, o BB realiza ajustes internos e orienta produtores a buscar o reperfilamento de seus compromissos.
Caminhos para o crédito agrícola
No Congresso, parlamentares da bancada ruralista tentam ampliar o alcance da renegociação de suas dívidas rurais. Uma das propostas prevê o uso de até R$ 30 bilhões do Fundo Social do Pré-Sal para criar uma linha especial de financiamento, com prazos mais longos e juros mais baixos.
Enquanto isso, a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) avalia que a medida não teria impacto sobre o resultado primário da União, embora aumente a dívida pública. Nesse cenário, a renegociação de dívidas rurais segue como instrumento central de gestão financeira no agronegócio, enquanto o debate sobre fontes de recursos e condições de crédito permanece aberto.











