A cotação do dólar encerrou a sexta-feira (26/12) em leve alta no mercado brasileiro, refletindo, assim, uma combinação de fatores domésticos e técnicos. A moeda norte-americana à vista fechou a R$ 5,5451, com avanço de 0,25%, em um contexto de liquidez reduzida após o Natal.
Ainda que a alta tenha sido pontual, o movimento ocorre dentro de um quadro mais amplo de acomodação. Na prática, na semana encurtada pelo feriado, a cotação do dólar acumulou ganho de 0,26%. Já quando se observa o acumulado de 2025, a divisa registra queda de 10,26%, o que indica um ano mais favorável ao real.
No início do pregão, por sua vez, o câmbio reagiu ao noticiário político. O mercado incorporou a confirmação do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como indicado do ex-presidente Jair Bolsonaro para a disputa presidencial de 2026, movimento que, no curto prazo, elevou a percepção de risco.
Cotação do dólar reage à política e ao Banco Central
Diante da repercussão política, a cotação do dólar chegou à máxima de R$ 5,5680, com alta de 0,66%, às 9h32. Nesse contexto, agentes avaliaram que a candidatura de Flávio reduz as chances de entrada do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, considerado um nome mais bem aceito pelo mercado financeiro.
Na sequência, a atuação do Banco Central ajudou a conter ganhos mais expressivos. A autoridade monetária realizou dois leilões de linha, somando US$ 2 bilhões, com o objetivo de atender à demanda sazonal por moeda estrangeira típica do fim de ano.
No leilão A, o BC vendeu US$ 1,5 bilhão, com recompra prevista para 3 de fevereiro. Já no leilão B, foram ofertados US$ 500 milhões, com recompra em 5 de maio de 2026. Em ambos os casos, a liquidação ocorre em 30 de dezembro.
Após essa intervenção, a cotação do dólar recuou e atingiu a mínima de R$ 5,5204 (-0,20%) às 12h13, para depois voltar a operar em leve alta até o fechamento.
Cotação do dólar e a pressão de fim de ano
Além do fator político, a demanda por dólares em dezembro foi reforçada por remessas de dividendos e pagamentos de juros ao exterior. Em 2025, esse fluxo ganhou intensidade adicional com a antecipação de envios por multinacionais, motivada pelo fim da isenção do imposto de renda sobre remessas externas a partir de janeiro de 2026.
Somado a isso, passará a vigorar a tributação de 10% sobre dividendos mensais acima de R$ 50 mil, o que incentivou ajustes de caixa antes da virada do ano.
No mercado futuro, por outro lado, o contrato de dólar para janeiro, o mais líquido na B3, subia 0,34% às 17h09, cotado a R$ 5,5490, em linha com o movimento observado no mercado à vista.
Ambiente externo e leitura do mercado
No exterior, por sua vez, diversas praças permaneceram fechadas, o que reduziu o volume de negócios. Ainda assim, o dólar manteve leve valorização frente ao euro e ao iene. O índice DXY, que mede o desempenho da moeda contra uma cesta de seis divisas, subiu 0,07%, para 98,009.
Dessa forma, a cotação do dólar refletiu, sobretudo, fatores internos ao longo do pregão. Analistas apontam que, no curto prazo, o câmbio tende a seguir sensível a ruídos políticos e à atuação do Banco Central, enquanto, no cenário externo, o mercado continua monitorando as sinalizações do Federal Reserve sobre o ritmo e a intensidade de eventuais cortes de juros em 2026.











