Uma Inteligência Artificial – IA chinesa passou a ocupar o centro das estratégias de investidores globais, impulsionada pela busca por diversificação e pelo receio de excesso de preço no mercado norte-americano. Gestores internacionais avaliam que o avanço tecnológico da China, aliado ao apoio estatal, abriu uma nova frente de oportunidades fora de Wall Street.
Esse interesse cresce à medida que aumentam as preocupações com avaliações elevadas nos Estados Unidos. A Nasdaq negocia a cerca de 31 vezes o lucro, enquanto o índice Hang Seng Tech opera próximo de 24 vezes, criando espaço para realocação de capital. Segundo o UBS Global Wealth Management, a tecnologia chinesa figura entre os segmentos mais atrativos do momento, diante do foco em autossuficiência tecnológica e monetização acelerada da inteligência artificial.
IA chinesa e o apoio estatal ao setor
O governo de Pequim tem atuado de forma direta para reduzir a dependência externa, sobretudo em semicondutores avançados. A aceleração das listagens de fabricantes locais de chips reforça esse direcionamento. Empresas como Moore Threads e MetaX Integrated Circuits estrearam recentemente nos mercados chineses, com valorizações expressivas nos primeiros dias de negociação.
Para gestores como a britânica Ruffer, a estratégia envolve limitar a exposição às grandes empresas de tecnologia dos EUA e ampliar posições em grupos chineses consolidados. A casa passou a olhar com mais atenção para a Alibaba, que controla o modelo de linguagem Qwen e amplia investimentos em computação em nuvem, elemento central para o desenvolvimento de soluções de IA em larga escala.
IA chinesa no radar dos fundos globais
O interesse também se reflete nos veículos financeiros. O ETF KWEB, da KraneShares, que reúne ações chinesas listadas no exterior, cresceu cerca de dois terços no ano, alcançando quase US$ 9 bilhões em ativos. Outros fundos focados em tecnologia onshore incluem fabricantes de chips como Cambricon, Montage Technology e Advanced Micro-Fabrication Equipment.
Na avaliação de Jason Hsu, fundador da Rayliant Global Advisors, os Estados Unidos mantêm vantagem em inovação, enquanto a China se destaca em engenharia, fabricação e fornecimento de energia. Assim, esse contraste sustenta uma leitura de complementaridade competitiva, relevante para investidores que buscam diluir riscos geopolíticos.
Alternativa chinesa na corrida tecnológica
Apesar do apetite crescente, há cautela. Gestores alertam que parte das novas listagens carece de fundamentos sólidos. Kamil Dimmich, da North of South Capital, afirma que várias empresas de chips listadas apresentam preços guiados por expectativa excessiva, sem suporte consistente de resultados.
Ainda assim, executivos do mercado avaliam que o interesse tende a continuar. Carol Fong, da CGS International Securities, recomenda uma seleção criteriosa de empresas alinhadas às diretrizes industriais da China, combinada à manutenção de líderes globais no portfólio.
Panorama da inteligência artificial chinesa
No conjunto, a IA chinesa emerge como um eixo estratégico para investidores em um cenário marcado por competição tecnológica e fragmentação geopolítica. O avanço de políticas industriais, somado ao diferencial de avaliação e à expansão de fundos dedicados, indica que o capital internacional seguirá atento ao setor. Além disso, o desafio, segundo analistas, será equilibrar exposição entre inovação, preços e risco político em um mercado que ainda passa por rápida transformação.
