A confiança da indústria em dezembro apresentou um sinal de acomodação após meses consecutivos de deterioração ao longo de 2025, segundo a sondagem divulgada pela Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) nesta segunda-feira (29/12). O resultado indica que o humor do setor deixou de piorar no curto prazo, embora ainda não sinalize retomada da atividade industrial.
Na prática, os índices de confiança da FGV utilizam uma escala em que 100 pontos representam uma situação considerada neutra. Leituras abaixo desse nível indicam que prevalece uma avaliação negativa das condições de negócios, enquanto valores acima sugerem otimismo disseminado. Em dezembro, a indústria permaneceu abaixo dessa referência, o que ajuda a dimensionar o alcance limitado da melhora observada.
Confiança da indústria em dezembro e o índice geral
O índice que sintetiza a percepção dos empresários sobre o presente e o futuro da atividade industrial avançou no mês, interrompendo uma sequência de quedas. Ainda assim, o patamar alcançado reforça a ideia de que o setor permanece distante de uma condição considerada normal. Segundo o FGV Ibre:
- O índice de confiança da indústria em dezembro atingiu 92,9 pontos, com alta de 3,8 pontos frente a novembro, movimento que indica redução da avaliação negativa, mas não reversão do quadro.
- Na comparação com dezembro do ano anterior, o indicador ainda acumula queda de 7,2 pontos, mostrando que a melhora recente não compensa as perdas ao longo de 2025.
- A média móvel trimestral subiu para 90,6 pontos, sinalizando estabilização do indicador em nível baixo.
Segundo Stéfano Pacini, economista do FGV IBRE,
“O resultado tem característica de compensação após uma sequência de meses negativos, o que ainda não permite afirmar uma mudança no sentimento pessimista dos empresários”.
Confiança da indústria em dezembro: situação atual e demanda
A melhora do indicador em dezembro foi, em parte, sustentada por uma avaliação menos negativa das condições correntes. O índice que mede a situação atual (ISA) reflete como as empresas avaliam a demanda, o nível de atividade e os negócios no momento. Nesse contexto, a Sondagem da Indústria revela que:
- O ISA subiu para 92,4 pontos, avanço de 2,8 pontos no mês, o que representa melhora relativa, mas ainda dentro de um quadro negativo.
- A percepção sobre a demanda atual alcançou 96,5 pontos, sinalizando redução da pressão negativa, embora sem caracterizar normalização do consumo.
- A avaliação da situação dos negócios chegou a 90,4 pontos, reforçando a leitura de cautela predominante entre as empresas.
Além disso, o indicador de estoques recuou, permanecendo acima do nível considerado adequado. Isso sugere que parte da melhora está associada a ajustes internos, e não a um avanço consistente da demanda final.
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Demanda e expectativas para confiança da indústria além de dezembro
Já o índice de expectativas (IE) apresentou avanço mais intenso. Esse índice capta como os empresários avaliam produção, negócios e emprego nos meses seguintes. Mesmo nesse caso, valores abaixo de 100 pontos indicam que o otimismo ainda não se generalizou:
- O IE subiu para 93,4 pontos, com alta de 4,6 pontos, refletindo uma visão menos negativa sobre o curto prazo.
- A produção prevista avançou para 97,0 pontos, após alta de 12,2 pontos, indicando que as empresas projetam redução do ritmo de queda, não expansão.
- As expectativas para emprego chegaram a 93,8 pontos, avanço modesto que sugere manutenção da cautela nas contratações.
Apesar da melhora nas expectativas, a indústria segue operando com elevada ociosidade. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada da Indústria (NUCI) ficou em 79,6%, o pior patamar desde 2021, o que limita a conversão das expectativas em produção efetiva.
Leitura econômica do fechamento de 2025
A leitura da confiança da indústria em dezembro aponta para um alívio pontual no encerramento de 2025, mais associado a ajustes técnicos e à interrupção da piora do que a uma inflexão do ciclo econômico. Embora a melhora tenha alcançado a maioria dos segmentos pesquisados, a combinação de estoques elevados, capacidade ociosa e ambiente financeiro restritivo indica que a indústria inicia 2026 ainda em compasso de espera, com expectativas menos negativas, mas sem bases para aceleração sustentada da atividade.
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