O plano de reestruturação dos Correios estima gerar R$ 7,4 bilhões anuais para recompor o caixa da estatal após prejuízo de R$ 6,1 bilhões entre janeiro e setembro de 2025. O desenho financeiro foi apresentado pela direção da empresa e combina redução de despesas, expansão de receitas e reforço de liquidez, segundo dados divulgados pela própria estatal.
A iniciativa surge após diagnóstico interno que aponta deterioração acelerada do resultado e pressão estrutural sobre custos. Sem ajustes, a projeção indica saldo negativo acumulado de R$ 23 bilhões até 2027, conforme avaliação da presidência. Além disso, a empresa calcula déficit anual de R$ 4 bilhões para manter a universalização do serviço postal.
Plano de reestruturação dos Correios e o ajuste de custos
A frente de despesas concentra o maior esforço do plano de reestruturação dos Correios, com economia estimada em R$ 4,2 bilhões por ano. O principal eixo é um Programa de Demissão Voluntária que mira 15 mil empregados, cerca de 18% do quadro, além de revisão de cargos e benefícios. A folha responde por 62% dos gastos e pode alcançar 72% com passivos trabalhistas.
Outra medida envolve a reorganização da rede física. A estatal planeja encerrar mil unidades de atendimento, de um total de cinco mil, e otimizar a malha logística. A empresa afirma que manterá a cobertura nacional enquanto reduz a rigidez de uma estrutura em que 90% dos custos são fixos.
Plano de reestruturação dos Correios e reforço de caixa
Para sustentar a transição, a empresa contratou empréstimo de R$ 12 bilhões com bancos privados e públicos, operação garantida pela União. Os bancos liberaram R$ 10 bilhões em dezembro de 2025, e os R$ 2 bilhões restantes devem entrar até janeiro de 2026. O prazo é de 15 anos, com vencimento em 26/12/2040.
Segundo a direção, os recursos asseguram capital de giro, pagamento de obrigações e execução do plano. Emmanuel Rondon, presidente dos Correios, afirmou que houve um ponto de inflexão e que o modelo econômico anterior deixou de ser viável diante da queda das cartas e da mudança do comércio eletrônico.
Desligamentos via PDV concentram eixo social do plano
Como parte do ajuste previsto no plano de reestruturação, os Correios esperam a adesão de cerca de 15 mil funcionários ao Plano de Demissão Voluntária (PDV). O número equivale a aproximadamente 17% do quadro total da estatal. Em entrevista a jornalistas nesta semana, Rondon, detalhou a informação e afirmou que a medida é central para conter prejuízos acumulados e reduzir a pressão da folha sobre o caixa.
De acordo com Rondon, a estratégia prevê desligamentos escalonados ao longo de 2026 e 2027, com o objetivo de evitar impactos imediatos na operação. O executivo afirmou que o PDV será combinado com ajustes em cargos e benefícios. Essas ações integram um esforço mais amplo de readequação de custos fixos. Atualmente, as despesas com pessoal representam a maior parcela do orçamento dos Correios.
Reorganização financeira dos Correios no novo mercado
No eixo de receitas, a estatal projeta R$ 3,2 bilhões adicionais por ano. A estratégia inclui parcerias privadas, expansão em serviços financeiros, seguros, gestão de ativos e venda de imóveis ociosos, com expectativa de R$ 1,5 bilhão em alienações. A meta é reduzir a dependência de segmentos em retração.
O plano de reestruturação dos Correios também responde à perda de competitividade. A participação em encomendas caiu de 51% em 2019 para 22%, pressionada por operadores privados e plataformas digitais. Nesse contexto, a estatal busca recuperar eficiência e adaptar sua operação ao e-commerce.
Ao final, o sucesso do plano dependerá da execução das medidas e da capacidade de a empresa sustentar investimentos. A combinação de crédito de longo prazo, ajuste de custos e novas frentes de receita define a tentativa de estabilizar resultados e redesenhar o papel da estatal no mercado logístico brasileiro.











