A Liquidação do Banco Master entrou em nova fase na segunda-feira (29/12), quando o Banco Central (BC) encaminhou ao Tribunal de Contas da União (TCU) sua resposta formal aos questionamentos sobre a intervenção. O documento foi entregue no último dia do prazo e sustenta que a decisão resultou de um processo técnico iniciado em 2023, afastando a tese de ação precipitada.
Segundo apuração da CNN Brasil, o Banco Central estruturou a resposta com uma linha do tempo detalhada. O objetivo foi demonstrar que a liquidação resultou de uma sequência de medidas de supervisão, tentativas de saneamento e avaliações de risco. Internamente, a autarquia considera o envio decisivo para preservar sua autonomia técnica em futuras intervenções no sistema financeiro.
A defesa apresentada ao TCU afirma que o Banco Central cumpriu o rito previsto na Lei 9.447. A norma exige a análise de alternativas privadas antes da decretação da liquidação. Nesse contexto, a fiscalização identificou crescimento acelerado do passivo do Master. Também apontou forte concentração em ativos de baixa liquidez, especialmente precatórios, o que elevou o risco estrutural da instituição.
Liquidação do Banco Master e o histórico regulatório
A liquidação do Banco Master também é explicada à luz das mudanças regulatórias promovidas pelo próprio BC, que restringiram o uso de precatórios como proteção ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Essa alteração afetou diretamente a estrutura de captação do banco e agravou a crise de liquidez, segundo a autoridade monetária.
O documento detalha ainda as tentativas de solução privada, incluindo o processo de aquisição pelo Banco de Brasília (BRB). A diretoria do Banco Central submeteu a operação a sucessivas rodadas de questionamentos e reduziu seu escopo ao longo do tempo, o que elevou a avaliação de risco e levou ao veto final.
Outro ponto sensível envolve a atuação do FGC. Em 2025, com limites à captação e ao pagamento de CDBs garantidos, o BC sustenta que o passivo do Master passou a cair sem gerar custo sistêmico adicional. Ao mesmo tempo, essas restrições aprofundaram a escassez de liquidez da instituição.
Liquidação do Banco Master sob escrutínio institucional
A liquidação do Banco Master ocorre em paralelo a questionamentos do TCU e a processos sob sigilo no Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Jhonatan de Jesus classificou a medida como extrema e apontou indícios de uma cronologia atípica no processo decisório, o que ampliou a tensão institucional.
Segundo conversas de executivos do setor financeiro relatadas pela CNN Brasil, há preocupação no mercado com um eventual revés jurídico da liquidação. Também geram apreensão a acareação convocada pelo STF e a percepção de pressões políticas em favor do banqueiro Daniel Vorcaro.
O Banco Central tomou a decisão final após investigações da Polícia Federal. A apuração identificou fraudes estimadas em R$ 12 bilhões, que envolveram carteiras de crédito e fundos sem lastro. Em nota oficial, o BC afirmou que a medida decorreu da grave crise de liquidez e de violações às normas do Sistema Financeiro Nacional.
Desfecho regulatório e efeitos no sistema
A liquidação do Banco Master se consolida, assim, como um teste relevante para a relação entre órgãos de controle e o regulador bancário. Ao sustentar que a intervenção era inevitável diante do conjunto de informações reunidas, o Banco Central reforça sua autoridade técnica em meio ao aumento do escrutínio institucional. Esse embate tende a moldar como o país lidará com futuras crises bancárias, sobretudo no equilíbrio entre supervisão, política e estabilidade financeira.











