O número de novas vagas formais de emprego cresceu acima do esperado em novembro, porém o saldo registrado foi o mais baixo para o mês em pelo menos cinco anos, segundo dados oficiais do governo federal. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontou abertura líquida de 85.864 postos, resultado que supera as estimativas do mercado, mas confirma a perda de ritmo do emprego com carteira assinada no fim de 2025.
O resultado decorreu de 1.979.902 admissões e 1.894.038 desligamentos no período. Economistas ouvidos projetavam criação líquida de 75 mil vagas. Ainda assim, a leitura histórica pesa mais do que a surpresa pontual, já que novembro apresentou o pior desempenho para o mês desde o início da série atual do Caged, em 2020.
Vagas formais de emprego e o retrato setorial
A abertura de vagas formais de emprego concentrou-se em apenas dois dos cinco grandes grupamentos da economia:
- Comércio: liderou o saldo positivo de vagas em novembro, com 78.249 novos postos, sustentado pela atividade no varejo e serviços associados ao consumo.
- Serviços: ficou em segundo lugar na geração de empregos formais, com 75.131 vagas, reforçando seu papel como amortecedor do mercado de trabalho no fim do ano.
- Agropecuária: registrou fechamento líquido de 16.566 postos, refletindo o caráter sazonal do setor e ajustes após o pico de contratações do ciclo agrícola.
- Construção: eliminou 23.804 vagas, indicando retração em segmentos ligados ao investimento e ao crédito, ainda impactados pelo custo financeiro elevado.
- Indústria: apresentou o pior desempenho entre os grupamentos, com 27.135 desligamentos a mais que admissões, sinalizando perda de tração da atividade fabril.
O contraste entre comércio e serviços, de um lado, e indústria e construção, de outro, aponta para um mercado de trabalho sustentado pelo consumo. Tudo enquanto áreas mais dependentes de financiamento seguem sob pressão.
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Leitura oficial sobre geração de vagas formais de emprego
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, afirmou que o resultado de novembro não surpreende a equipe econômica. Segundo ele, parte das demissões tradicionalmente concentradas em dezembro pode ter sido antecipada. “Acredito que dezembro não ultrapassará 500 mil demissões”, disse o ministro, ao comentar o fechamento do ano.
No acumulado de janeiro a novembro, o país criou 1.895.130 postos formais, abaixo do resultado do mesmo período de 2024, quando a economia abriu 2.126.843 vagas. A diferença representa uma redução de 10,9% na comparação anual, indicando desaceleração gradual do mercado de trabalho formal ao longo de 2025.
Postos com carteira assinada e o contraste estatístico
Apesar do desempenho mais fraco das vagas formais de emprego, o mercado de trabalho amplo segue mostrando sinais positivos. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que a taxa de desemprego caiu para 5,2% no trimestre encerrado em novembro. Portanto, o menor nível da série iniciada em 2012.
Portanto, esse contraste sugere que o avanço da ocupação ocorre fora do emprego formal. Ao mesmo tempo, as vagas formais de emprego enfrentam um ambiente mais restritivo. Assim, o que se espera é que, para 2026, a trajetória da geração de empregos formais seja vista como termômetro da atividade econômica e da política monetária.











