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Indústria de pneus pede proteção; governo avalia alta em imposto de importação

(Foto: Mike Bird/Pexels)
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A recente proposta de aumento das tarifas de importação de pneus tem causado divergências entre fabricantes locais, caminhoneiros e importadores. O assunto ganhou destaque em uma audiência na Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados, onde foram divulgados dados que mostram o crescimento expressivo da participação de pneus importados no mercado brasileiro. Nos últimos quatro anos, a fatia de pneus importados para veículos de carga saltou de 15% para 47%, enquanto a participação nos veículos de passeio subiu de 27% para 62%.

O avanço das importações e o impacto no mercado nacional

Os pneus importados, vindos principalmente de países como China, Vietnã, Índia e Malásia, chegam ao Brasil com preços mais competitivos, reduzindo os custos do produto em até 20% nos últimos dois anos. Esse fenômeno gera preocupações para a indústria nacional, que vê sua competitividade ameaçada. O Brasil, sendo o maior produtor de pneus da América Latina, possui 11 empresas e 21 fábricas espalhadas por sete estados, movimentando um mercado que arrecada R$ 5,2 bilhões em impostos anualmente.

Proposta de aumento da tarifa de importação

Representantes do setor industrial solicitam a elevação da tarifa de importação de pneus para garantir a competitividade dos produtos nacionais. A Câmara de Comércio Exterior (Camex), ligada ao governo federal, estuda a possibilidade de aumentar a taxa de importação de 16% para 35%.

Frente a esse cenário, representantes da indústria de pneus têm solicitado ao governo um aumento na tarifa de importação de pneus, que passaria dos atuais 16% para 35%. Gustavo Madi, consultor da Confederação Nacional da Indústria (CNI), argumenta que essa mudança poderia elevar os preços dos pneus importados em até 16,4%, mas com um impacto mínimo na inflação, entre 0,03% e 0,05%.

A indústria acredita que o aumento das tarifas pode trazer benefícios econômicos importantes, como o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em R$ 8,9 bilhões e a criação de mais de 105 mil empregos. No entanto, caminhoneiros e importadores se mostram contrários a essa medida.

Caminhoneiros questionam a proposta

De acordo com Klaus Curt Muller, presidente da Associação Nacional da Indústria de Pneus (Anip), as importações de pneus muitas vezes ocorrem a preços abaixo do custo de produção, o que ele classifica como uma concorrência desleal. Ele citou o exemplo dos Estados Unidos, que aumentaram suas tarifas de importação para proteger a indústria local.

Entretanto, caminhoneiros, representados pela Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), destacam que o baixo custo dos pneus importados é crucial para a manutenção de sua competitividade, especialmente em um momento em que o preço do frete está congelado devido a uma decisão judicial que impede ajustes no piso mínimo de frete.

Busca por uma solução equilibrada

O debate em torno do aumento das tarifas de importação de pneus reflete a complexidade dos interesses em jogo. De um lado, a indústria busca medidas que protejam a produção e preservem empregos. Do outro, caminhoneiros e importadores defendem a necessidade de manter os custos baixos para garantir a competitividade no setor de transporte. Encontrar uma solução que contemple as diferentes demandas será essencial para evitar maiores impactos na economia do país.