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Crise na Tupperware: empresa pede recuperação judicial nos EUA

Tupperware - Recuperação Judicial
(Imagem: reprodução/Shopee)
Tupperware - Recuperação Judicial
(Imagem: reprodução/Shopee)

A Tupperware, fabricante dos conhecidos potes de plástico, entrou com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos nesta terça-feira (18). A medida tem como objetivo ajudar as dificuldades financeiras da empresa. A Tupperware busca a proteção prevista no Capítulo 11 da Lei de Falências americana para reestruturar suas operações e dívidas, que já ultrapassaram US$ 700 milhões (cerca de R$ 3,9 bilhões).

Em nota oficial, a Tupperware anunciou que continuará suas atividades enquanto trabalha na renegociação de dívidas e busca uma eventual venda de seus negócios.

“A empresa também buscará aprovação do Tribunal para facilitar um processo de venda para o negócio, a fim de proteger sua marca e avançar ainda mais a transformação da Tupperware em uma empresa digital desenvolvida por tecnologia”, destacou a companhia em comunicado.

A empresa solicita, ainda, ao tribunal a aprovação de movimentos administrativos que permitam o pagamento de negociações e dívidas com fornecedores, além de garantir que continuem cumprindo suas obrigações fiscais. Assim, a medida tem como objetivo amenizar os impactos negativos sobre funcionários, parceiros e demais partes envolvidas, enquanto trabalha na recuperação financeira.

Dificuldades acumuladas

A crise financeira da Tupperware já vem se arrastando há algum tempo. A empresa enfrentou há anos dificuldades para manter sua operação de forma sustentável e, em 2022, emitiu um comunicado alertando para a possibilidade de não conseguir honrar seus compromissos financeiros. Entretanto, a companhia afirmou, à época, que havia uma incerteza sobre a sua capacidade de continuar operando, e que poderia violar cláusulas dos seus contratos de crédito, o que aumentaria o risco de falência.

O ponto de virada ocorreu em 2023, quando a Tupperware renegociou parte de suas dívidas, convertendo uma linha de crédito rotativo em um empréstimo a prazo de US$ 200 milhões. No entanto, essa mudança impediu a liquidez da empresa e elevou as taxas de juros sobre os empréstimos, aumentando a pressão financeira conforme sua alavancagem.

Plano de reestruturação

Diante do cenário desafiador, a Tupperware formulou um plano de reestruturação que envolve a contratação de consultores financeiros e a busca de investidores interessados ​​em injetar capital na empresa. Então, entre as alternativas estudadas, estava a venda ou locação de imóveis como forma de monetizar ativos e manter as operações.

A presidente da Tupperware, Laurie Ann Goldman, reconheceu que o ambiente macroeconômico dos últimos anos impactou fortemente a companhia. “Exploramos inúmeras opções estratégicas e determinamos que este é o melhor caminho a seguir”, afirmou. Segundo ela, o processo de recuperação judicial dará à Tupperware a flexibilidade necessária para buscar soluções que permitam sua transformação digital e a sustentação de suas operações no longo prazo.

Impacto nas operações e no mercado

Nos últimos anos, a Tupperware já vinha implementando mudanças para tentar melhorar sua situação financeira. A empresa trocou sua presidência e parte do conselho de administração. Além disso, a marca fechou a fábrica nos Estados Unidos em 2023, o que foi feito na demissão de aproximadamente 150 trabalhadores.

Apesar dessas medidas, a situação da empresa piorou, levando-a a ser notificada pela Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) em 2022 por não atender aos requisitos de listagem, após o atraso na divulgação de seu relatório anual à Comissão de Valores Mobiliários (SEC). Em abril deste ano, a Tupperware recebeu uma nova notificação de não ter enviado suas projeções financeiras do primeiro trimestre de 2023.

Diante da preocupação dos investidores, a NYSE suspendeu as negociações das ações da Tupperware nesta semana. Assim, os papéis da empresa caíram mais de 57% em um único dia, impulsionados pelos rumores de um iminente pedido de falência.

A trajetória da Tupperware

Fundada em 1946 pela química Earl Tupper, a Tupperware revolucionou o mercado com seus potes de plástico com colocação hermética. O modelo de vendas diretas, idealizado por Brownie Wise, impulsionou o sucesso da empresa, ao criar o conceito das famosas “Reuniões Tupperware”. Na época, as mulheres promoviam encontros para apresentar os produtos da marca.

No Brasil desde 1976, a Tupperware conquistou uma clientela fiel, vendendo produtos fabricados na unidade no Rio de Janeiro