Com pouco mais de seis meses de funcionamento, o sistema de pagamento instantâneo (PIX) brasileiro é um sucesso. Um estudo recente do Banco Central do Brasil mostra que seu uso já supera o de outros meios de pagamentos, como DOC, TED, transferência e boleto bancário. Mais de 1,5 bilhão de transações já foram realizadas pelo Pix e movimentaram mais de R$ 1,109 trilhão.
No fim de março, já havia mais de 206 milhões de chaves registradas para o recebimento de recursos: elas podem ser e-mail, CPF, CNPJ, celular ou número aleatório. O crescimento do protocolo atinge 45% ao mês, em média, segundo dados da fintech Spin Pay.
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Esses resultados têm atraído a atenção de golpistas. A agilidade do Pix tem servido aos criminosos, já que permite movimentações rápidas e gratuitas a qualquer dia e horário. Com isso, a vítima tem menos tempo para perceber a artimanha e pode não conseguir cancelar a operação.
Conheça os principais golpes que envolvem o sistema e veja como se proteger deles.
1. Clonagem de WhatsApp
Esse é um dos ataques mais comuns. Com a nova tecnologia, a clonagem foi aprimorada. A primeira etapa do golpe é o contato com a vítima: o criminoso finge ser representante de uma empresa e solicita um código de segurança ao proprietário da conta como se ele fosse necessário para atualização, manutenção ou confirmação de cadastro.
Se o usuário não tiver habilitado a autenticação em duas etapas, basta essa informação para que a conta de WhatsApp seja instalada em um dispositivo diferente. Com acesso ao perfil, o golpista aborda os contatos da vítima e pede ajuda financeira, de preferência com transferência por Pix. Depois que o dinheiro é transferido, recuperá-lo é pouco provável, já que a transferência é feita “por vontade própria”.
2. Perfil falso no WhatsApp
Esta modalidade geralmente é relacionada à clonagem da conta — é como se fosse um upgrade do método. Depois de sequestrar a conta da vítima, o golpista passa a usar fotos suas, obtidas em redes sociais. Em seguida, ele passa a procurar os contatos da vítima. Como o número de celular é desconhecido, ele alega que teve de trocá-lo. Em seguida, diz que está em uma emergência e pede uma transferência via Pix.
3. Engenharia social aprimorada
Depois de obter o código enviado por SMS, o golpista entra em contato com a vítima e se apresenta como integrante da equipe de suporte do WhatsApp. Ele informa ao usuário que identificou uma suposta atividade maliciosa na conta e que enviou um e-mail para que ele recadastre a dupla autenticação.
A vítima, de fato, recebe uma mensagem legítima do WhatsApp. Ela contém um link para a redefinição da verificação em duas etapas (Two-Step Verification Reset). Ao clicar nele, o usuário desabilita a proteção. O golpista, então, aproveita que a conta está desprotegida para seguir com o golpe.
4. Central de relacionamento bancária falsa
Nesta modalidade, o criminoso se aproveita do desconhecimento sobre as formas de cadastro das chaves Pix. Ele se passa por funcionário do banco em que a vítima tem conta e oferece ajuda para efetuar o cadastro ou informa que é preciso fazer um teste com o sistema de pagamentos para regularizar o registro. A vítima, então, é induzida a fazer uma transferência via Pix.
Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), as instituições financeiras não solicitam dados pessoais de seus clientes ativamente e seus funcionários não ligam para fazer testes com o Pix. Por isso, não se deve passar informações por telefone e, em caso de dúvida, vale a pena procurar os canais oficiais da instituição bancária para confirmar a necessidade de atualização de dados, bem como antes de fazer movimentações.
5. Bug do Pix
Essa fraude começa em mensagens e vídeos divulgados em redes sociais. São fake news que afirmam que um bug no Pix permite que o usuário receba de volta um prêmio em dinheiro quando transfere valores para determinadas chaves.
6. QR Code adulterado
Os pagamentos pelo Pix podem ser feitos a partir de códigos QR. Atualmente, durante a pandemia, é comum que artistas façam lives em benefício de organizações não governamentais e recebam doações, muitas vezes, por QR Code.
Alguns criminosos fazem o download dessas apresentações e criam uma transmissão nova em que colocam seu próprio código QR. Assim, recebem as doações de quem não tem muita experiência com a tecnologia.
Fique atento
O Bacen também tem uma lista de sugestões importantes para se prevenir de situações com estas.
- Confira os remetentes de e-mails e não acesse páginas suspeitas, com endereços curtos ou com erros de digitação;
- Não clique em links recebidos por e-mail, WhatsApp, redes sociais ou mensagens de SMS que direcionam a cadastros de chaves do Pix;
- Cadastre chaves do Pix apenas em canais oficiais de bancos ou fintechs;
- Em caso de suspeita, procure a equipe oficial do banco;
- Após o cadastro, o Bacen envia o código por SMS (se a chave cadastrada for um celular) ou e-mail (se ela for um e-mail). Essa confirmação não vem por ligação telefônica nem por link;
- Não compartilhe esse código;
- Não faça transferências para conhecidos sem confirmar por chamada telefônica ou pessoalmente. O WhatsApp não é uma boa opção porque pode estar clonado.
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Fonte: Canaltech