As negociações voluntárias de carbono movimentaram US$ 1,9 bilhão em 2021, segundo o Ecosystem Marketplace (EM). Este é o maior valor anual já registrado desde o início do monitoramento. O crescimento reflete a busca global por atender ao Acordo de Paris, que tem como objetivo desacelerar o aquecimento global.
Esse aumento expressivo, aproximadamente 300% em relação a 2020, quando o mercado movimentou US$ 520 milhões, destaca o importante mercado de carbono voluntário. O principal destaque foi a categoria “floresta e uso da terra”, que levantou US$ 1,32 bilhão, representando a maioria das transações.
O Brasil, com sua vasta extensão de floresta amazônica, tem potencial para liderar esse segmento. De acordo com a ICC Brasil, o país pode suprir até 22% da demanda global por créditos de carbono.
Como Funcionam as Negociações Voluntárias de Carbono?
O mercado de carbono voluntário é baseado na emissão de créditos, que correspondem a cada tonelada de gases de efeito estufa (GEE) não emitida. Esses créditos podem ser comercializados por organizações para compensar suas emissões ou alcançar metas ambientais.
“Calcular a pegada de carbono é essencial para traçar estratégias de redução de emissões e participar das negociações voluntárias de carbono,” explica Alessandra Gaspar Costa, diretora-executiva da APCER Brasil. Ela acredita que o mercado continuará crescendo, especialmente se regulamentações claras forem implementadas.
O Brasil no Mercado de Carbono Voluntário
O Brasil tem demonstrado esforços para impulsionar o mercado de carbono. Em agosto, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou o Segundo Edital de Aquisição de Créditos de Carbono no Mercado Voluntário, com um orçamento total de R$ 100 milhões. As categorias elegíveis incluem reflorestamento, redução de desmatamento, energia renovável e agricultura sustentável.
Além disso, o Decreto nº 11.075/2022, assinado em maio, estabeleceu as bases para um mercado regulado no Brasil. Entretanto, o Projeto de Lei 528/21, que institui o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), ainda aguarda votação.
Com regulamentações claras e incentivos, o Brasil pode se tornar um dos maiores protagonistas das negociações voluntárias de carbono, contribuindo para a descarbonização global.