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Alavancando os negócios através de parcerias intersetoriais – Por Beatriz Canamary

À medida que as empresas crescem, elas navegam por desafios sociais, ambientais e da cadeia de suprimentos cada vez mais complexos e difíceis de serem solucionados isoladamente. Enquanto isso, governos e organizações não governamentais dependem cada vez mais das forças do mercado, da inovação do setor privado e das oportunidades econômicas criadas pelas empresas para melhorar a vida das pessoas. O sucesso de cada setor está inevitavelmente entrelaçado.

Mudanças climáticas, pobreza e desigualdade social estão entre as questões mais críticas dos tempos atuais. A colaboração entre setores – em que duas ou mais organizações trabalham juntas em todos os setores da indústria, junto com organizações sem fins lucrativos e governos, para alcançar resultados mutuamente benéficos – pode se beneficiar de seus pontos fortes para acelerar o progresso sobre questões complexas, de forma que atenda aos interesses de todos.

Uma colaboração bem-sucedida pode levar à formação de uma parceria intersetorial, na qual os parceiros concordam formalmente em alavancar seus recursos para trabalhar em direção a metas compartilhadas e mensuráveis. Essas parcerias prometem ser mais eficazes porque integram recursos e competências complementares que os parceiros podem agregar. A parceria intersetorial é tida como um “paradigma essencial” no enfrentamento dos desafios globais, como os abordados pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

O objetivo central de muitas parcerias intersetoriais é resolver problemas econômicos, sociais e ambientais por meio da colaboração mutua, muitas vezes abordando vazios institucionais e regulatórios, fornecendo bens sociais como água limpa, saúde ou educação. Assim, as parcerias intersetoriais tipicamente enfatizam um imperativo para a realização de benefícios para a comunidade em geral e não para interesses especiais. Elas geralmente abordam as responsabilidades sociais das organizações participantes, seja em resposta a pressões externas (reativamente), na antecipação de potenciais questões sociais que possam surgir no futuro (proativamente), ou como parte do processo de interação, adaptando-se a questões emergentes (adaptativamente).

Desde o início dos anos 2000, organizações internacionais como as Nações Unidas e o Banco Mundial têm adotado parcerias público-privadas (PPPs) como forma de fornecer bens públicos globais, como proteção ambiental ou alívio da pobreza. Embora os governos tenham tradicionalmente usado PPPs para construir infraestruturas “pesadas”, como estradas e obras hídricas, eles estão agora cada vez mais experimentando o uso de PPPs para questões “leves” com diferentes constituintes e objetivos. Porém, grandes empresas passaram a apreciar o potencial de parcerias intersetoriais para alavancar sua vantagem competitiva de longo prazo.

Uma parceria intersetorial bem projetada e eficaz beneficia os parceiros através de:

  • Aumento de escala –Parcerias bem-sucedidas aproveitam recursos combinados para alcançar mais pessoas e amplificar impactos e resultados, podendo ainda com o desenvolvimento das empresas, de relacionamentos em novos mercados.
  • Replicabilidade e sustentabilidade – Do ponto de vista do setor público, parceiros privados comprometidos podem transformar um investimento em uma iniciativa escalável de longo prazo, orientada pelo mercado. Para as empresas, o sucesso da parceria pode incentivar investimentos sustentáveis que podem ser replicados para outras regiões e/ou outras matérias.
  • Melhor efetividade – A experiência e o conhecimento compartilhados podem estimular a inovação e alavancar novas oportunidades.
  • Mudança sistêmica – Maior visibilidade, maiores esferas de influência e ação coletiva coordenada e co-investimento ajudam a avançar em direção aos Objetivos Sustentáveis da ONU e enfrentar os complexos desafios globais que ameaçam tanto as cadeias de suprimentos quanto as comunidades.

À medida que o mundo se torna mais complexo, se torna cada vez mais urgente que as organizações trabalhem em todos os setores para alcançar objetivos compartilhados. Esses desafios complexos são especialmente comuns nos mercados da Ásia, África, América Latina e antigo bloco soviético.

Destaca-se aqui algumas parcerias intersetoriais emblemáticas e de alto impacto, entre empresas, governos, ONGs e outras organizações:

1. Google Earth e Global Forest Watch

(Parceiros: Google, Universidade de Maryland e Global Forest Watch).

Historicamente, documentar e entender o escopo do desmatamento tem sido desafiador devido à falta de dados. O Google Earth Engine foi originalmente criado para ajudar cientistas e pesquisadores a detectar mudanças e mapear tendências na superfície da Terra através de imagens de satélite e conjuntos de dados geoespaciais, fornecendo um mapa florestal global de alta resolução que pode demonstrar visual e rapidamente o desmatamento.

Em seguida, em parceria com o Global Forest Watch (GFW), o Google Earth Engine oferece suporte gratuito de monitoramento florestal para nações tropicais. A GFW usa esse monitoramento para fornecer atualizações oportunas de perda de árvores através de alertas. O desmatamento que pode levar anos para ser descoberto agora acontece em dias. Tal vigilância ajuda os gestores florestais e a aplicação da lei a proteger florestas ameaçadas.

2. Green Climate Fund

(Parceiros: Setor público global, finanças, sociedade civil e parceiros do setor privado sob o Fundo Verde para o Clima.)

O Fundo Verde para o Clima (GCF, sigla em inglês que significa Green Climate Fund) saiu do Acordo de Paris como o maior fundo climático do mundo. Ele se baseia em finanças públicas e privadas e colaboração para ajudar os mercados emergentes a reduzir as emissões de carbono e adotar práticas resilientes ao clima.

A GCF faz parcerias com bancos comerciais internacionais e nacionais, multilaterais, instituições financeiras de desenvolvimento regional e nacional, instituições de fundos de ações, agências da ONU e sociedade civil.

3. Healing Forests: Colaboração para identificar interações entre saúde humana e desmatamento

(Parceiros: Johnson & Johnson e o World Wildlife Fund).

Para entender melhor a conexão entre saúde humana, surtos de doenças e desmatamento, o World Wildlife Fund (WWF) fez uma parceria com a Johnson & Johnson na Healing Forests.

É um projeto que identifica como o desmatamento pode prejudicar a saúde humana e as economias e quais esforços podem ser usados para conter futuros surtos de doenças.

Com foco em Sabah, na Malásia, onde plantações de óleo de palma devastaram florestas, a Healing Forests espera mostrar como a conservação das florestas pode servir como medicina preventiva para todos — promovendo remédios proativos para algumas das preocupações ambientais e sanitárias mundiais mais urgentes.

4. Power Africa: Expansão de energia renovável em toda a África subsaariana

(Parceiros: USAID e mais de 150 empresas)

Na África, duas em cada três pessoas não podem acessar eletricidade. Isso tem consequências sociais, econômicas e ambientais. Por meio da iniciativa Power Africa da USAID (US Agency for International Development), o Governo dos Estados Unidos tem uma meta ousada de trazer 30.000 megawatts de energia renovável e conectar 60 milhões de novas casas e empresas na África.

Para isso, a USAID está fazendo parcerias com mais de 150 das principais empresas do mundo, líderes políticos e instituições financeiras para ajudar a superar várias barreiras regulatórias, legais, financeiras e outras que param ou impedem que projetos de energia avancem para a conclusão em toda a África subsaariana.

5. Tropical Landscapes Finance Facility (TLFF)

(Parceiros: Programa da ONU Meio Ambiente, Centro Agroflorestal Mundial, BNP Paribas e ADM Capital).

Para promover o crescimento verde e os meios de subsistência rurais sustentáveis nas 17.000 ilhas da Indonésia, os principais stakeholders se reuniram para formar o Tropical Landscapes Finance Facility (TLFF) para mobilizar financiamento para iniciativas de sustentabilidade de longo prazo. A TLFF aproveitará o financiamento público para ajudar a desbloquear o capital privado para o uso sustentável da terra, incluindo na agricultura e restauração de ecossistemas, e para investimentos em energia renovável.

A transação inaugural da TLFF é um Título de Sustentabilidade de US$ 95 milhões organizado pelo BNP Paribas e emitido pela TLFF para ajudar a financiar uma plantação de borracha natural sustentável em terras fortemente degradadas. O projeto incorpora grandes objetivos sociais e ambientais que também ajudarão a proteger um parque nacional ameaçado de invasão.

Os exemplos acima são apenas uma pequena amostra das parcerias inovadoras que existem hoje. Essas parcerias intersetoriais demonstram o poder e o progresso que podem ser alcançados quando as organizações engajam significativamente com diversos atores para buscar metas ambientais e sustentáveis.

Reverter as ameaças ambientais não acontecerá da noite para o dia e oportunidades precisam ser criadas para facilitar diálogos estratégicos e agilizar sinergias entre setores. O progresso pode existir através da inovação, determinação e colaboração em escala.

*Artigo de Opinião – Por Beatriz Canamary, Mestre em Engenharia Civil (UFC), especializada em Fusões e Aquisições (Harvard Business School), doutoranda em Administração de Negócios (Rollins College, EUA), Membro do World Economic Forum e da Academy of International Business.

O conteúdo não reflete, necessariamente, a opinião do ENB.

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