O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reiterou a importância da paciência e serenidade na condução da política monetária para controlar a inflação. Embora seja considerado um cenário menos provável, o Copom reforçou a possibilidade de aumentar a taxa Selic, destacando a relevância do arcabouço fiscal na busca pelo equilíbrio das contas públicas e nas expectativas de inflação.
De acordo com a ata da última reunião do Copom, divulgada na terça-feira (9), a materialização de um cenário com um arcabouço fiscal sólido e confiável pode contribuir para um processo de desinflação mais favorável, ao reduzir as expectativas de inflação, a incerteza econômica, o prêmio de risco associado aos ativos domésticos e, consequentemente, as projeções do comitê.
O comportamento das expectativas desempenha um papel fundamental no processo inflacionário, servindo como referência para o estabelecimento de reajustes de preços e salários no presente e no futuro. O Banco Central explicou que o aumento das expectativas resulta em maior elevação de preços no período atual, alimentando o processo inflacionário.
Na reunião do Copom, realizada na semana passada, a taxa Selic foi mantida em 13,75% ao ano pela sexta vez consecutiva. Desde agosto do ano passado, a taxa se encontra nesse patamar, sendo a mais alta desde janeiro de 2017.
A taxa básica de juros é o principal instrumento utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação. No entanto, um aumento na Selic pode levar à desaceleração da economia, encarecendo o crédito e reduzindo os investimentos. Essa decisão tem recebido críticas por parte do governo federal.
O Copom ressaltou que persistirá em seu objetivo de consolidar não apenas o processo de desinflação, mas também a ancoragem das expectativas em torno das metas. Contudo, caso o processo de desinflação não ocorra conforme o esperado, o comitê não hesitará em retomar o ciclo de ajuste.
O órgão também discutiu os impactos da política fiscal sobre a inflação, destacando que a apresentação do arcabouço fiscal reduziu a incerteza em relação a cenários extremos de crescimento da dívida pública. No entanto, enfatizou que não há uma relação direta entre a convergência da inflação e a aprovação desse arcabouço, uma vez que a trajetória inflacionária é influenciada pelas expectativas de inflação, projeções da dívida pública e preços de ativos.
O Copom considera que existem riscos tanto de alta quanto de baixa para a inflação. Entre os riscos de alta estão a incerteza em torno do arcabouço fiscal e a persistência das pressões inflacionárias globais, bem como uma desancoragem prolongada das expectativas de inflação a longo prazo.









