O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, terá uma nova rodada de negociações do congresso norte-americano para obter apoio à ampliação do teto da dívida do país. O prazo para conquista de um acordo está cada dia menor, pois caso não consiga convencer os líderes dos partidos Democrata e Republicano, o governo deixará de ter recursos para honrar os seus compromissos diários a partir do dia 1º de junho, segundo projeções feitas pelo Departamento do Tesouro.
Na hipótese da falta de um acordo, os Estados Unidos ficariam inadimplentes e as consequências, tanto para economia interna quanto a externa, seriam prejudiciais para o desenvolvimento econômico.
Segundo o site Político, o Departamento do Tesouro tinha quase US$ 360 bilhões em poder de empréstimo na última sexta-feira, 12. Isso inclui US$ 316 bilhões em dinheiro, mais US$ 41 bilhões da “medida extraordinária” que os funcionários do governo podem usar para reforçar o colchão de empréstimos quando o governo estiver perto de atingir a chamada “Data X”.
Biden pode deixar de comparecer ao encontro do G-7, nesta semana, para resolver esse impasse. Já foi cogitado inclusive, a hipótese do presidente utilizar o artigo 14º da Constituição e elevar o teto da dívida sem a autorização do Congresso. Porém, essa opção, caso seja utilizada, poderá levar o caso para ser avaliado pela Suprema Corte americana.
Os republicanos querem 10 anos de limites rígidos de gastos e US$ 130 bilhões em cortes de despesas no ano que vem em troca do aumento do teto da dívida. O governo está pressionando por um acordo orçamentário muito mais curto e até uma autorização temporária de elevação do teto para prosseguir nas negociações ao longo do ano.
No cenário atual, Biden detém maioria no Senado, mas na Câmara dos Representantes, o controle da casa está nas mãos dos Republicanos (Kevin McCarthy é o presidente), que tiveram bom resultado na ‘midturnes’ (eleições legislativas), realizadas em novembro do ano passado.
E é justamente nessa casa o principal obstáculo enfrentado pelo democrata. Em entrevista concedida à CNN, o vice-secretário do Tesouro, Wally Adeyemo, que as negociações entre os dois lados foram “construtivas” nos últimos dias, mas Biden fez no domingo um discurso em Nova York no qual atacou a posição intransigente dos republicanos, especialmente a ala mais radical do partido, que ele chamou de “MAGA”. A sigla é um referência ao slogan de Donald Trump: Make America Great Again.
“Há uma ala muito extremista do Partido Republicano na Câmara dos Representantes. Eles tomaram o controle da Casa. Eles têm um presidente que tem seu emprego porque o cedeu ao, entre aspas, elemento ‘MAGA’ do partido”, disse Biden.
O objetivo da Casa Branca nessa batalha é impedir a revogação de conquistas legislativas obtidas por Biden nos poderes legislativos norte-americanos, quando o democrata tinha maioria, como benefícios federais para energias renováveis e alívio de empréstimos estudantis. Os Republicanos defendem a redução de impostos, que obrigaria cortes extremos em áreas sociais.
Para o presidente da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, tanto Biden, como seus aliados não estão “levando a sério” as discussões.
Segundo o líder republicano, os dois lados precisam fechar um acordo até o fim desta semana para assegurar a aprovação a tempo de uma legislação que eleve o limite da dívida pública. “Parece que eles [democratas] querem o calote”, criticou.