O Custo Brasil faz o país perder R$ 1,7 trilhão por ano. O índice mede o conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas, trabalhistas e econômicas brasileiras, foi atualizado pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC) em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
A cifra se aproxima de um quinto do PIB nacional (19,5%) e mostra que a economia brasileira precisa trabalhar em questões crônicas para facilitar o ambiente de negócios e criar um ciclo virtuoso de mais oportunidades, empregos e renda. Em 2019, quando foi feito o primeiro levantamento, esse valor era de R$ 1,5 trilhão.
O cálculo considera todo o ciclo de vida de uma empresa, com base em indicadores de 12 áreas consideradas vitais para a competitividade do setor empresarial. São eles: financiar um negócio, empregar capital humano, dispor de infraestrutura, lidar com ambiente jurídico regulatório, integrar cadeias produtivas globais e honrar tributos.
Em entrevista a Exame, Rogério Caiuby, conselheiro executivo do MBC, diz que o dado deste ano é ambíguo: houve aumento de R$ 200 bilhões no Custo Brasil, e ao mesmo tempo a proporção desse custo na relação com o PIB brasileiro caiu de 22% para 19,5%. “Avançamos bem. Não estamos no mesmo patamar da OCDE, mas reduzimos em 30% o gap”, avalia.
No segundo semestre deste ano, a parceria entre o Ministério e o MBC promete lançar o Observatório do Custo Brasil, para monitorar e atualizar projetos que podem reduzir o indicador.
Baixa qualificação e muito tempo calculando impostos
Segundo o levantamento, o eixo com maior impacto no PIB nacional é Empregar Capital Humano, que trata da qualificação de mão de obra, encargos trabalhistas e processos e encargos jurídicos. A baixa qualificação de mão de obra brasileira é o fator de maior peso, representando 8% do Custo Brasil.
Em relação ao acesso à infraestrutura, as companhias brasileiras gastam ao ano R$ 272 bilhões, o equivalente a quase 15% do Custo Brasil. Nesse capítulo, foram analisados o custo logístico e o acesso à banda larga. O Brasil avançou cerca de 30% no acesso da população à banda larga, mas andou de lado em relação aos custos de logística, enquanto os países da OCDE avançaram nesse quesito.
As empresas brasileiras também gastam muito tempo calculando e pagando impostos: segundo o estudo, são 62 dias por ano frente a seis dias nos países da OCDE. Devido à complexidade do sistema tributário, as companhias ainda correm o risco de errar o cálculo, pagar multas e serem questionadas judicialmente. Por isso, a reforma tributária ganha muita importância nesse contexto para simplificar a vida das empresas.
Para Caiuby, é fundamental que o texto seja aprovado nos próximos meses, já que por causa do emaranhado de regras as companhias têm custo de R$ 291 bilhões ao ano (o equivalente 16,5% do Custo Brasil).









