A plataforma de aluguel de escritórios corporativos, WeWork, comunicou que está enfrentando uma “dúvida substancial” sobre sua capacidade de manter suas operações. Essa declaração veio durante a divulgação dos resultados do segundo trimestre da empresa, resultando em uma queda de 20% nas ações no pós-mercado.
No decorrer do ano, as ações da WeWork já acumulam uma desvalorização de 85%, sendo avaliadas em cerca de US$ 450 milhões (R$ 2,2 bilhões). Uma drástica queda em relação a 2019, quando a empresa foi avaliada em US$ 47 bilhões (R$ 231 bilhões).
A empresa de coworking atribui sua preocupação a uma série de prejuízos acumulados, a projeção de necessidade de capital e à alta taxa de cancelamento de serviços por parte dos clientes, também conhecida como churn. Essa situação foi justificada pela concorrência crescente no mercado de escritórios corporativos, que está lidando com o gradual retorno ao trabalho presencial e também pelo cenário de “volatilidade macroeconômica”.
Durante o segundo trimestre, a WeWork registrou um prejuízo de US$ 349 milhões, enquanto sua receita teve um aumento de 4% em relação ao ano anterior. Ambos os resultados ficaram abaixo das expectativas do mercado.
Para enfrentar o panorama desafiador e assegurar sua continuidade, a WeWork anunciou um plano que envolve a reestruturação da dívida, o controle das despesas e medidas para incrementar as receitas e reduzir a taxa de cancelamento.
A história da WeWork, fundada em 2010, segue o padrão de empresas que surgem em meio a crises, como ocorreu com a crise de 2008, para criar algo inovador e rapidamente se tornar um favorito entre os investidores de capital de risco.
Inovando na abordagem dos custosos aluguéis em centros urbanos, a estratégia da WeWork se baseava na locação de prédios inteiros, sublocando mesas e salas para aqueles que não podiam arcar com um espaço próprio.
No entanto, o cenário se deteriorou quando a startup fez um pedido de IPO em 2019 e teve que divulgar detalhes de sua contabilidade ao mercado. Os fundamentos eram majoritariamente baseados em expectativas futuras, enquanto o presente registrava prejuízos crescentes.
Para agravar a situação, surgiram questões de governança envolvendo o CEO e co-fundador Adam Neumann, acusado de discriminação e assédio moral contra funcionários.
A empresa finalmente abriu seu capital dois anos depois, mas com consideravelmente menos entusiasmo, e enfrentou os desafios impostos pelo fechamento de escritórios durante a pandemia, porém com poucos avanços desde então.
De maneira inesperada, o CEO Sandeep Mathrani, que assumiu em 2020 com o objetivo de ser o salvador da WeWork, renunciou ao cargo em junho deste ano.