O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ressaltou a contínua necessidade de manter uma abordagem restritiva em relação aos juros, enfatizando que a luta contra a inflação ainda não foi vencida. Durante sua palestra na 24ª conferência anual do Santander Brasil, em São Paulo, Campos Neto destacou as raízes do atual cenário inflacionário global, explicando que a pandemia resultou em uma injeção de US$ 9 trilhões na economia, diante de um total global de US$ 80 trilhões.
O presidente do BC observou que as medidas de estímulo fiscal e monetário foram projetadas para mitigar os efeitos da pandemia, mas tiveram um impacto significativo na dinâmica dos preços. Ele explicou que a previsão de uma inflação persistente era baseada na suposição de um reequilíbrio entre os preços de serviços e bens. No entanto, a realidade se mostrou diferente à medida que as restrições da pandemia levaram as pessoas a consumir mais bens do que serviços, provocando uma elevação nos preços dos primeiros.
Campos Neto destacou que o excesso de poupança gerado durante o período de estímulo desencadeou uma demanda robusta por bens, incluindo energia, impulsionando os índices inflacionários. Embora a inflação global esteja começando a recuar, especialmente no que diz respeito à energia na Europa, o presidente do BC ressaltou que os núcleos de inflação, que excluem itens voláteis, permanecem persistentes em alguns países.
No contexto pós-pandemia, Campos Neto observou que os bancos centrais de diversos países aumentaram as taxas de juros, cada um com suas próprias características. Ele enfatizou que, nos países emergentes, os núcleos de inflação estão começando a declinar, embora a redução ocorra de forma gradual. O presidente do BC também destacou que alguns países emergentes implementaram programas de subsídios para alimentos como parte de seus esforços para mitigar a pressão inflacionária.