Em meio a uma indústria televisiva em constante transformação, as redes de televisão estão experimentando um renascimento inesperado, graças a uma fonte improvável de audiência: a geração baby boomer. Nesta semana, a ABC estreia “The golden bachelor”,ou “Solteirão Dourado” no Brasil, um spin-off de “The Bachelor” em que um homem de 72 anos busca o amor entre mulheres de 60 a 75 anos. Esse programa não convencional é apenas um exemplo de como as redes estão se adaptando a um público que permanece leal à programação tradicional em horário nobre.
Embora as audiências das redes de televisão tenham enfrentado uma queda nos últimos anos devido ao crescimento de plataformas de streaming, como Netflix e Hulu, uma demografia se manteve fiel às telas: pessoas com mais de 60 anos. A idade média dos espectadores nas principais redes, como ABC, CBS, NBC e Fox, aumentou constantemente. Essa tendência levou os executivos das redes a encontrar maneiras inovadoras de envolver e celebrar seu público maduro.
“Os baby boomers estão sustentando a audiência,” diz Kevin Reilly, um experiente executivo de programação. Para essa geração, a televisão sempre foi o centro da sala de estar, e o hábito de assistir em horário nobre continua enraizado.
Greves de roteiristas e atores interromperam a produção, forçando as redes a preencher suas grades com uma mistura de reality shows, eventos esportivos, programas de jogos e reprises. Essa interrupção gerou preocupações sobre uma possível queda nas classificações e uma migração ainda maior para plataformas de streaming.
Apenas nove anos atrás, a idade média dos telespectadores para os principais programas de entretenimento nas redes variava de meados dos 40 aos primeiros 50 anos. No entanto, na temporada mais recente, a idade média do público para a maioria dos programas de entretenimento ultrapassou os 60 anos. Programas populares, como “The Voice,” “The Masked Singer,” “Grey’s Anatomy” e “Young Sheldon”, atraíram um público mais maduro.
As estações de televisão locais também notaram uma divisão geracional, com espectadores com mais de 45 anos mantendo hábitos de visualização tradicionais, enquanto os mais jovens preferem serviços de streaming.
Apesar desses desafios, executivos das redes destacam que a idade média de muitas séries é menor quando medidas em serviços de streaming afiliados, como Hulu, Peacock e Paramount+. Alguns programas têm idades médias de espectadores significativamente mais baixas do que suas contrapartes na transmissão. Isso destaca a importância das plataformas de streaming na captura de telespectadores mais jovens.
Radha Subramanyam, diretora de pesquisa da emissora americana CBS, observa: “Qualquer pessoa que não estamos capturando em um dispositivo linear, estamos capturando no streaming.”
No entanto, os anunciantes ainda priorizam os telespectadores com menos de 50 anos, deixando os executivos das emissoras na difícil tarefa de equilibrar o atendimento ao seu público principal mais velho e atrair anunciantes.
As redes também ressuscitaram programas clássicos de épocas anteriores, como “Law & Order,” “Quantum Leap,” “Magnum, P.I.” e até “Matlock.” Esses programas, embora enraizados na nostalgia, estão encontrando sucesso renovado com públicos de todas as idades.
A ABC, reconhecendo o entusiasmo por seu novo programa “The Golden Bachelor” o movimentou estrategicamente para o horário das 20h às quintas-feiras, aproveitando-se de uma forte programação. Esses programas testados pelo tempo continuam a ressoar com os telespectadores, proporcionando uma sensação de conforto e nostalgia.
Em um cenário televisivo em constante evolução, os executivos das redes estão aprendendo a se adaptar enquanto celebram os fiéis telespectadores que mantiveram a tradição da televisão em horário nobre. Com a combinação certa de programação inovadora e favoritos clássicos, eles esperam manter a era de ouro da televisão brilhando por muitos anos.