A Nestlé divulgou hoje (19/10) um crescimento de vendas em nove meses menor do que o esperado, à medida que os consumidores reduziram as compras diante dos altos preços promovidos pela gigante global dos alimentos. A companhia, no entanto, afirmou que espera que os volumes de vendas voltem a ficar positivos até o final do ano.
Por mais de dois anos, o setor de bens de consumo tem aumentado os preços para os consumidores, alegando custos mais altos devido à pandemia e à guerra na Ucrânia. Tudo, desde o óleo de girassol até o frete, ficou mais caro, afetando as cadeias de suprimentos globais. A Nestlé aumentou seus preços em 8,4%, um pouco abaixo da estimativa média de 8,6% calculada por analistas. O crescimento interno real (RIG), uma medida dos volumes de vendas, caiu 0,6%, dentro das expectativas. No terceiro trimestre, o RIG melhorou para um declínio de 0,3%, anunciou a Nestlé.
Na América Latina, no entanto, a companhia registrou um aumento de 10% nas vendas em nove meses em relação ao ano anterior, apesar dos preços elevados em 10,5%, conforme relatado pela empresa.
“A Nestlé teve um forte crescimento no Brasil, com a demanda contínua por doces, nutrição infantil e bebidas, incluindo Nescafé e Nescau”, afirmou a empresa no balanço de vendas.
O CEO da Nestlé, Mark Schneider, expressou confiança de que o crescimento interno real, a soma do volume e do mix, se tornará positivo no segundo semestre do ano, tornando-se novamente o principal impulsionador do crescimento futuro.
“Os preços serão mais específicos, por marca e por país”, afirmou Schneider.
A P&G, fabricante do detergente Tide e dos aparelhos de barbear Gillette, informou na quarta-feira que as vendas estavam fracas, mas indicou que isso estava se estabilizando e que começaria a se recuperar até o final do ano.
Investidores e analistas levantaram preocupações de que as empresas estejam exagerando nos aumentos de preços e recomendaram que elas se concentrem mais em marketing e inovação, em meio a uma crise de custo de vida que está levando as marcas próprias dos varejistas a ganharem participação de mercado.
As vendas orgânicas da Nestlé, que excluem o impacto da variação cambial e das aquisições, aumentaram 7,8% nos nove meses encerrados em setembro, informou a companhia. Analistas esperavam, em média, um crescimento de 8,1% nas vendas orgânicas. Nos últimos trimestres, os executivos indicaram que os custos estão aumentando em um ritmo mais lento, mas também alertaram que os compradores continuarão a pagar mais por produtos como sabonete, papel higiênico e café, devido às despesas mais altas incorridas nos últimos anos.
A Nestlé confirmou sua previsão para o ano inteiro de crescimento orgânico das vendas entre 7% e 8% e margem de lucro operacional entre 17% e 17,5%.