Em 2023, o Brasil testemunhou um aumento nas demissões voluntárias, atingindo um recorde de 7,3 milhões de pessoas. Portanto, representa 34% do total de 21,5 milhões de desligamentos registrados. Os dados, compilados pela LCA Consultores de acordo com informações do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), refletem uma alta de 7,9% em comparação com o ano anterior.
Especialistas apontam que esse cenário é um reflexo do aquecimento da economia após a crise da Covid-19. A mudança nas prioridades dos profissionais, especialmente os mais jovens, bem como, a popularização do home office estão entre os principais impulsionadores desse fenômeno.
Ano | Número de demissões voluntárias |
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2014 | 5.706.432 |
2015 | 4.328.749 |
2016 | 3.043.097 |
2017 | 2.999.012 |
2018 | 3.262.438 |
2019 | 3.635.540 |
2020 | 3.463.228 |
2021 | 5.279.553 |
2022 | 6.786.838 |
2023 | 7.308.956 |
O cenário das demissões voluntárias é influenciado por dois fatores-chave: a queda na taxa de desemprego e a maior dinâmica no mercado de trabalho. Destaque-se que Santa Catarina, com uma taxa de desemprego de 3,6%, lidera o ranking de demissões voluntárias, representando 45,2% do total. Logo atrás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso registram 43,8% e 41,7%, respectivamente.
Por outro lado, nos estados do Norte e Nordeste, como Bahia, Pernambuco, Paraíba e Amapá, as demissões voluntárias são menos frequentes, representando 20,7% e 21,6%, respectivamente. As disparidades regionais destacam as diferentes realidades econômicas e de emprego em todo o país.
O estudo revela que trabalhadores com pós-graduação completa estão entre os mais propensos a buscar demissões voluntárias, com 46,9% dos desligamentos partindo do próprio trabalhador. Os profissionais, com maior capacidade técnica, têm mais facilidade em encontrar oportunidades de trabalho compatíveis ou melhores.
Prioridades
A faixa etária mais jovem, especialmente entre 18 e 24 anos, lidera o movimento de demissões voluntárias, representando 39,5% do total de desligamentos. Esse comportamento reflete uma mudança de valores, com os jovens priorizando experiências e qualidade de vida sobre a estabilidade no emprego.
A flexibilização promovida pela reforma trabalhista também influenciou esse cenário, oferecendo a populações mais jovens oportunidades de empregos com menor tempo de permanência e melhores condições.
Em um mercado de trabalho em constante evolução, as demissões voluntárias se destacam como um reflexo das transformações nas relações de trabalho e das novas aspirações dos profissionais brasileiros.