O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrentou críticas severas de Israel, culminando em sua declaração como “persona non grata” pelo governo israelense. A afirmação foi feita pelo ministro das Relações Exteriores do país, Israel Katz, nesta segunda (19). O episódio diplomático tem raízes nas comparações feitas por Lula entre o desastre humanitário em Gaza e o Holocausto, comparações essas que não foram bem recebidas pelo Estado de Israel. Mas o que significa ser “persona non grata” e quais as consequências políticas?
Entendendo o termo ‘persona non grata’
O termo “persona non grata” é uma expressão utilizada no direito internacional para indicar que um indivíduo, neste caso, um líder estrangeiro, não é mais bem-vindo em um país. Embora não signifique uma expulsão formal, a designação limita as relações diplomáticas com o indivíduo afetado. Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, também conhecido como Itamaraty, essa designação é um instrumento jurídico reconhecido globalmente, que permite a um país expressar seu descontentamento com representantes estrangeiros sem recorrer à expulsão.
O Itamaraty explica que a designação de persona non grata é uma medida jurídica bem estabelecida e frequentemente empregada no âmbito das relações internacionais. Esta ação permite que um país demonstre formalmente que um representante estrangeiro não possui mais a aceitação para permanecer em seu território, dando ao país de origem do representante a opção de removê-lo do estado que fez tal declaração.
A polêmica envolvendo Lula e Israel
A situação escalou quando Lula, em comentários feitos durante uma coletiva de imprensa, comparou a situação dos palestinos em Gaza com o genocídio dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Essas declarações foram rapidamente condenadas por líderes israelenses, incluindo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ministro das Relações Exteriores, Israel Katz. Katz, utilizando a plataforma X (anteriormente conhecida como Twitter), expressou sua indignação, enfatizando que tais comparações são inaceitáveis e prometendo que Israel não “perdoará e não esquecerá” até que Lula se retrate.
Reações e consequências
Como parte das reações às declarações de Lula, o governo de Israel tomou a decisão de alterar os protocolos para reuniões com diplomatas estrangeiros, optando por realizar um encontro com o embaixador do Brasil em Israel no museu do Holocausto em Jerusalém. Essa mudança simboliza a gravidade com que Israel considera as comparações feitas por Lula, buscando enfatizar a singularidade do Holocausto e a inapropriada comparação com os eventos em Gaza.
Israel muda protocolo
Em resposta às declarações do presidente brasileiro Lula, o governo de Israel adotou novos procedimentos para reuniões com diplomatas e representantes internacionais. Optou-se por realizar o encontro com o embaixador do Brasil em Israel no Museu do Holocausto, localizado em Jerusalém, divergindo da prática habitual de tais reuniões ocorrerem no Ministério das Relações Exteriores. Seguindo essa linha, o chanceler israelense, Israel Katz, declarou através da plataforma X (antes Twitter) que, naquela manhã, convocou o embaixador brasileiro ao Museu do Holocausto, para ressaltar a gravidade do que foi feito aos judeus por nazistas e Hitler, mencionando inclusive o impacto em sua própria família.
Logo após a coletiva de imprensa de domingo, na qual Lula fez a polêmica comparação, o governo israelense expressou sua intenção de censurar o embaixador brasileiro em Tel Aviv. Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro de Israel, classificou as declarações de Lula como “vergonhosas e sérias”, evidenciando a magnitude do descontentamento israelense.
Consequências para o financiamento
A controvérsia surge em um momento delicado para a Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA), que enfrenta acusações de envolvimento com o Hamas. Após as acusações, importantes financiadores suspenderam suas contribuições, colocando em risco os serviços prestados pela agência na região.
Este episódio ilustra as complexidades das relações internacionais e as consequências de declarações políticas. Enquanto Israel espera um pedido de desculpas de Lula, o cenário diplomático entre os dois países permanece tenso, refletindo a importância da cautela nas palavras e ações no cenário global.









