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Saiba sobre a polêmica do navio com bois brasileiros na África

Mau cheiro na Cidade do Cabo, capital da África do Sul.

(Foto: Conselho Nacional de Sociedades para a Prevenção da Crueldade contra Animais)
(Foto: Conselho Nacional de Sociedades para a Prevenção da Crueldade contra Animais)
(Foto: Conselho Nacional de Sociedades para a Prevenção da Crueldade contra Animais)
(Foto: Conselho Nacional de Sociedades para a Prevenção da Crueldade contra Animais)

Um incidente envolvendo um navio cargueiro carregado com 19 mil bois brasileiros gerou controvérsia na Cidade do Cabo, capital da África do Sul. Moradores e autoridades locais manifestaram-se contra o forte odor que se espalhou pelas ruas da cidade nos últimos dias.

A carga, destinada ao Iraque, partiu do Brasil e fez uma parada na Cidade do Cabo para reabastecer e carregar alimentos. No entanto, a presença dos animais vivos a bordo despertou críticas, especialmente após uma inspeção realizada pelo Conselho Nacional da Sociedade para Prevenção da Crueldade contra os Animais (SPCA).

Em comunicado, a SPCA descreveu as condições a bordo como chocantes, destacando o acúmulo de fezes e urina, além da presença de animais doentes e feridos. Oito vacas precisaram ser sacrificadas, enquanto outras foram encontradas já mortas. O tratamento veterinário dos animais ficou a cargo do consultor local Bryce Marock.

Histórico de acidentes marítimos

O incidente na Cidade do Cabo não é um caso isolado. Dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) indicam que o Brasil é o segundo maior exportador de bois vivos do mundo. Portanto, representa 15% do comércio internacional. No entanto, essa prática não está isenta de riscos.

A Mercy for Animals aponta que o Brasil exporta cerca de 300 mil cabeças de gado anualmente por via marítima. Dois graves acidentes marítimos envolvendo bois exportados vivos pelo Brasil chamaram a atenção nos últimos anos.

Em 2012, mais de 2 mil animais morreram asfixiados devido a uma pane no sistema de ventilação durante uma viagem com destino ao Egito. Os bois, embarcados no Porto de Vila do Conde, no Pará, pertenciam ao frigorífico Minerva.

Três anos depois, em 2015, outro navio carregado com bois brasileiros fornecidos pela Minerva afundou nos terminais de carga da Vila do Conde. O desastre resultou na morte da maioria dos 5 mil bois a bordo, além de causar um impacto ambiental devido à decomposição dos corpos e ao vazamento de óleo.

Esses incidentes lançam luz sobre os riscos associados ao transporte de animais vivos por via marítima e levantam questões sobre os padrões de bem-estar animal e segurança nessas operações. Enquanto isso, os protestos na Cidade do Cabo destacam a preocupação global com o tratamento e o transporte ético de animais.