A Petrobras enfrentou uma perda de valor de mercado, estimada em quase R$ 30 bilhões nessa quarta-feira (28). O motivo foi uma declaração do presidente da companhia, Jean Paul Prates, que gerou incertezas entre os investidores a respeito do pagamento de dividendos. Prates, em entrevista à Bloomberg, mencionou que a empresa adotará uma postura mais cautelosa na distribuição de dividendos extraordinários, visando sua transição para uma potência de energia renovável.
Esse anúncio resultou em uma notável queda nas ações da empresa. As ações preferenciais (sem direito a voto) fecharam o dia com uma redução de 5,16%, cotadas a R$ 40,43. Já as ações ordinárias (com direito a voto) tiveram uma queda de 5,39%, fechando a R$ 41,60. Esse movimento colocou as ações da Petrobras entre as mais negociadas do dia, registrando um dos piores desempenhos no Ibovespa, que por sua vez recuou 1,16%.
A estatal, por meio de um comunicado no final do dia, esclareceu que ainda não foram tomadas decisões concretas sobre a distribuição de dividendos. Ressaltou que quaisquer decisões futuras sobre o tema serão baseadas na nova política de remuneração da empresa, a ser discutida em assembleia geral ordinária prevista para 25 de abril.
Os investidores, segundo Tiago Cunha, gestor de renda variável da Ace Capital, tinham expectativas altas quanto ao pagamento de dividendos. A declaração de Prates trouxe dúvidas sobre o percentual de distribuição, afetando a percepção de valor de mercado da Petrobras em comparação com outras grandes empresas do setor petrolífero.
No entanto, analistas do Goldman Sachs, como Bruno Amorim e sua equipe, mantiveram a recomendação de compra para os papéis da Petrobras. Eles projetam que a companhia apresentará um fluxo de caixa livre yield médio de cerca de 14% entre 2024 e 2027, superando a média global de aproximadamente 10%. Apesar da queda nas ações, essa perspectiva sugere um potencial de valorização a longo prazo, embora limitado por uma reavaliação do mercado.
A decisão final sobre a distribuição de dividendos será divulgada pela Petrobras em 7 de março, juntamente com os resultados do último trimestre e do ano de 2023, momento que será decisivo para a empresa e seus investidores.