O grupo Stellantis anunciou planos para reintroduzir carros movidos a etanol no mercado brasileiro, com previsão de lançamento até o final de 2025. Esses veículos também incluirão opções com tecnologia híbrida, combinando etanol e eletricidade, conforme o projeto Bio-Hybrid da empresa.
Espera-se que as marcas Fiat e Jeep sejam as primeiras da Stellantis a oferecer esses novos modelos, equipados com motor 1.3 turbo já utilizado em versões flex. A Fiat, reconhecida por ter lançado o primeiro carro a etanol no Brasil em 1979, o modelo 147, popularmente conhecido como “cachacinha”, provavelmente será uma das pioneiras.

Segundo Márcio Tonani, vice-presidente sênior dos centros técnicos de engenharia da Stellantis para a América do Sul, “O motor 100% a etanol já foi desenvolvido, é de alta eficiência e já está disponível pela Stellantis. E ele pode ser utilizado associado à tecnologia Bio-Hybrid”. Este desenvolvimento promete uma eficiência energética superior devido à calibração específica para o etanol, possibilitando autonomia comparável à dos combustíveis fósseis, mas com custo menor e menor emissão de poluentes.
Os benefícios ambientais do etanol incluem a redução das emissões de CO2, pois a cana-de-açúcar utilizada em sua produção absorve carbono durante seu crescimento.
O interesse renovado nos carros a etanol surge em um contexto de estabilização dos preços e da oferta deste combustível, juntamente com uma maior ênfase na agenda de descarbonização. O governo brasileiro e a Anfavea têm trabalhado juntos para estimular o segmento de automóveis populares movidos a etanol, conhecidos como “carros verdes”.
Em janeiro, um estudo da Datagro revelou que apenas 30% dos motoristas optaram por abastecer carros flex com etanol. Em resposta, o governo tem promovido políticas para aumentar a disponibilidade de combustíveis renováveis, incluindo a aprovação de uma lei sobre biocombustíveis em março.
Além disso, os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul estão desenvolvendo programas de incentivo para o setor sucroenergético. A Raízen está avançando na produção de etanol de segunda geração (E2G), que utiliza resíduos vegetais para aumentar a eficiência da produção sem expandir a área cultivada.
Esses novos veículos devem se beneficiar do IPI Verde, parte do programa Mover, que reduz o Imposto Sobre Produtos Industrializados para carros mais sustentáveis, tornando-os mais acessíveis e rentáveis para as fabricantes.
No entanto, há preocupações no setor. José Maurício Andreta Jr., presidente da Fenabrave, expressou ceticismo quanto ao foco exclusivo no etanol. “Na minha visão, o caminho é o híbrido flex e não o etanol puro, que demandaria o desenvolvimento de um novo motor, com novas calibragens, entre outros itens”. Ele também observou que em regiões como o Nordeste do Brasil, as diferenças de preço entre gasolina e etanol são mínimas, questionando a viabilidade de desenvolver veículos exclusivamente a etanol nessas áreas.