nA política monetária dos Estados Unidos está em destaque enquanto o Comitê de Política Monetária (Copom) do Federal Reserve, o banco central americano, reúne-se para definir o rumo da taxa de juros do país. O mercado financeiro global aguarda com ansiedade a decisão e, principalmente, o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, que pode fornecer insights sobre os próximos passos.
Expectativas de estabilidade
Analistas esperam que o Fed mantenha a taxa de juros inalterada na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano, o maior patamar em mais de 20 anos. Mesmo com a manutenção, os mercados permanecem sensíveis ao discurso de Powell, especialmente sobre a condução futura da política monetária. A fala dele pode influenciar o comportamento do dólar e de ativos de risco no Brasil.
Hoje é feriado no Brasil, com mercados fechados, mas os investidores estarão atentos aos desdobramentos internacionais. O discurso de Powell tem potencial para indicar a continuidade de uma política monetária rígida ou uma mudança de rumo, que poderia fortalecer ou enfraquecer o dólar em relação ao real.
Efeito no Brasil
Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank, destaca que uma postura mais rigorosa do Federal Reserve poderia manter o dólar em alta e desvalorizar o Ibovespa:
— Os juros altos nos Estados Unidos tornam o mercado americano mais atrativo, resultando na migração de investimentos de mercados emergentes para lá.
Ela ressalta que, embora a taxa de juros no Brasil seja alta atualmente, a estabilidade americana faz os títulos do Fed parecerem mais seguros.
A tendência é que o dólar continue sua trajetória de alta, acumulando já 7,01% no ano, fechando em R$ 5,19 na terça-feira. O Ibovespa, por sua vez, caiu 6,08% nos últimos quatro meses.
Cenário incerto
Diego Costa, diretor de câmbio para o Norte e Nordeste da B&T Câmbio, aponta que a condução do Fed tem frustrado expectativas:
— Esperava-se que o Fed assumisse uma postura dovish, mas a resiliência econômica dos EUA e a cautela do Fed reverteram essa tendência.
No início do ano, esperava-se que o Fed começasse a diminuir a taxa de juros em 2024, favorecendo ativos de risco e mercados emergentes. No entanto, dados recentes de inflação e atividade econômica acima do esperado aumentaram a incerteza.
— A valorização do dólar e a perspectiva de uma redução dos juros mais distante têm gerado uma postura mais cautelosa nos investidores — conclui Costa.
Essa incerteza deve manter os olhos do mercado brasileiro focados nas decisões do Fed e nas implicações para os ativos de risco e o câmbio.